O desempenho da indústria petrolífera angolana no primeiro trimestre de 2025 traz sinais de alerta para a economia nacional. Segundo dados divulgados pelo Governo, Angola arrecadou cerca de 6,4 mil milhões de dólares com a exportação de petróleo entre janeiro e março, valor que representa uma redução de 18% em comparação com o mesmo período de 2024.
Durante a apresentação oficial dos resultados, o secretário de Estado para o Petróleo, José Barroso, apontou que o país exportou aproximadamente 85,1 milhões de barris de crude. Esse volume reflete uma queda de 13,5% em relação ao último trimestre do ano passado e uma diminuição de quase 10% comparado ao primeiro trimestre do ano anterior.
A China manteve-se como principal destino do petróleo angolano, absorvendo 63,8% das exportações, seguida pela Índia (10,29%), Indonésia (6,43%), Espanha (3,40%) e Malásia (3,22%). Mesmo com mercados consolidados, o enfraquecimento da procura global, aliado à volatilidade dos preços do Brent – que teve uma média de 75,73 dólares por barril – afetou significativamente a arrecadação nacional.
Por outro lado, o setor do gás natural apresentou uma performance mais positiva. Foram exportadas cerca de 1,1 milhões de toneladas métricas, com destaque para o Gás Natural Liquefeito (LNG), que representou cerca de 86% desse total. A receita gerada com o gás foi de aproximadamente 758,7 milhões de dólares, um aumento de 87,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
Esse crescimento, segundo o secretário de Estado, foi impulsionado pela valorização dos preços internacionais do gás. A Europa foi o principal destino do LNG angolano, respondendo por 92,66% das exportações, com a Holanda na liderança, absorvendo quase 43% do total.
A queda nas receitas do petróleo levanta preocupações quanto à dependência do país em relação a este recurso e reforça a urgência de diversificação da economia. Embora o setor do gás traga boas perspetivas, a tendência decrescente nos ganhos com o crude acende um alerta vermelho num cenário ainda marcado por incertezas nos mercados internacionais.
O segundo trimestre será decisivo para verificar se esta tendência negativa se mantém ou se novas dinâmicas podem suavizar o impacto nas contas públicas.