A Azule Energy, uma das principais companhias de energia integradas de Angola, anunciou um robusto investimento de 18 milhões de dólares para financiar seus projectos de responsabilidade social ao longo de 2025. A informação foi partilhada por Adriano Mongini, CEO da empresa, durante uma entrevista à FORBES África Lusófona.
Segundo Mongini, a empresa acredita que seu papel vai além da produção de energia. “Temos uma grande lista de iniciativas sociais — atualmente são 26 projectos espalhados por várias províncias do país — a maioria delas desenvolvidas em parceria com a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), que muitas vezes define as áreas prioritárias para atuação”, explicou.
Entre os programas em curso, o de maior impacto é o projecto de cirurgia cardíaca realizado no Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, em Luanda. Lançado em 2022, o projecto foi desenhado para um período inicial de três anos e conta com um orçamento total de 22 milhões de dólares.
O foco é a formação de profissionais da saúde — desde médicos, anestesistas e técnicos até pessoal de manutenção hospitalar — para garantir que o hospital tenha capacidade técnica para realizar cirurgias cardíacas com qualidade e autonomia. “Estamos a estudar a possibilidade de estender o programa por mais tempo, dada a sua importância”, adiantou Mongini.
José Malanda, diretor de Saúde da Azule Energy, reforçou o impacto transformador deste projecto. Segundo ele, Angola realizava em média apenas sete a oito cirurgias cardíacas por ano antes da iniciativa. Hoje, esse número ultrapassa as 150 cirurgias anuais. Isso reduziu significativamente a necessidade de enviar pacientes para o exterior, otimizando os recursos do sistema de saúde nacional.
Malanda destacou ainda o esforço contínuo na capacitação de profissionais angolanos. Mais de 250 técnicos já foram formados, muitos com estágios no Hospital de Monzino, em Itália, onde adquiriram conhecimento prático e experiência em centros de excelência médica.
Além do sector da saúde, a Azule Energy também investe em projectos nas áreas de educação, fornecimento de água potável, eletrificação com painéis solares, construção e reabilitação de escolas e centros médicos, especialmente em comunidades remotas.
Um dos projectos de destaque é o de desminagem, que além de libertar terras para uso seguro, promove a inclusão de mulheres nas equipas de campo. “Esses projectos têm um impacto positivo enorme, tanto em vidas salvas quanto em desenvolvimento comunitário”, enfatizou Malanda.
Na próxima fase, a empresa prevê levar o projecto de cirurgia cardíaca a outras províncias, como Benguela, Huambo e Huíla, regiões identificadas com alta demanda por esse tipo de intervenção médica. Contudo, antes da expansão, será feito um rastreio local para garantir uma implementação eficiente.
Malanda sublinhou que a escolha de manter o foco em cirurgias cardíacas se deve à necessidade urgente de intervenção nesta área, algo que o Estado e o sector privado ainda não conseguem suprir totalmente. O projecto, segundo ele, também se alinha às prioridades estratégicas do Governo angolano, expressas pelo Ministério da Saúde.
A Azule Energy também está comprometida com metas ambientais ambiciosas. Mongini revelou que a empresa está a trabalhar para atingir o objectivo “Net Zero” até 2030. Isso envolve a redução significativa das emissões de carbono nas suas operações offshore e o lançamento de iniciativas de compensação de carbono.
“Queremos não apenas reduzir as emissões, mas também investir em soluções que neutralizem aquilo que não conseguimos eliminar totalmente”, concluiu o CEO.