Nos últimos anos, as sanções internacionais contra a Rússia, impostas na sequência da guerra na Ucrânia, têm provocado repercussões económicas globais. Em Angola, o impacto dessas medidas tem levado o Governo a descontinuar parcerias com empresas russas, entre elas a gigante diamantífera Alrosa e, mais recentemente, o banco VTB África.
A saída da Alrosa do setor diamantífero angolano foi um dos primeiros sinais do recuo das relações económicas com a Rússia. Agora, o encerramento do banco VTB África reforça a tendência de afastamento. De acordo com Mário Nascimento, presidente da Associação Angolana de Bancos, a decisão foi tomada pelos próprios acionistas do banco, que enfrentavam graves dificuldades financeiras resultantes das sanções internacionais.
“O VTB já não participava nas operações interbancárias há algum tempo. Esta decisão visa evitar qualquer impacto negativo sobre o sistema bancário nacional”, explicou o economista.
Apesar do fim dessas parcerias comerciais, a relação diplomática entre Angola e Rússia permanece sólida, segundo o embaixador russo em Luanda, Vladimir Tararov. O diplomata fez questão de minimizar os efeitos das sanções sobre os laços bilaterais e anunciou uma visita oficial do Presidente angolano, João Lourenço, à Rússia ainda este ano.
“Existe uma cooperação muito estreita baseada na irmandade entre os nossos países. Esperamos a visita do Presidente Lourenço como um sinal de continuidade desta relação fraterna”, afirmou Tararov.
As relações político-diplomáticas entre Angola e a Rússia têm raízes profundas, datando de 1976, com a assinatura do Tratado de Amizade e Cooperação em Moscovo. No entanto, os números mais recentes mostram um declínio acentuado nas trocas comerciais. Em 2019, o volume comercial entre os dois países caiu para 26 milhões de dólares, uma redução de 40% em relação ao período anterior.
O cenário atual aponta para um reposicionamento estratégico de Angola no contexto geopolítico global, tentando equilibrar as exigências internacionais com os seus interesses económicos internos. A esperada visita do Presidente João Lourenço à Rússia poderá ser um marco importante para redefinir a cooperação bilateral, agora com foco mais político do que empresarial.