As relações entre China e Estados Unidos voltaram a aquecer — e Taiwan continua a ser o principal ponto de fricção. Num aviso contundente, Pequim deixou claro que considera Taiwan um assunto exclusivamente interno e acusou os EUA de provocação e interferência perigosa. A frase foi dura e direta: “não brinquem com o fogo”.
Tudo começou após declarações do responsável pela Defesa norte-americano, Pete Hegseth, durante o Diálogo de Shangri-La, um fórum internacional de segurança realizado em Singapura. Segundo Hegseth, a China estaria a preparar uma eventual invasão de Taiwan até 2027, com ensaios militares diários que sugerem um plano em andamento. Para os EUA, qualquer tentativa de conquista pela força “terá consequências devastadoras”.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China não demorou a reagir, classificando o discurso como “cheio de provocações” e emitindo um protesto formal a Washington. A ausência do ministro da Defesa chinês no evento foi simbólica: Pequim evitou o confronto direto, mas deixou a diplomacia falar mais alto.
A China reforça que não aceitará que Taiwan seja usada como peça de negociação ou instrumento de contenção do seu poder. E vai além: acusa os EUA de militarizarem o Mar do Sul da China e fomentarem divisões na região Ásia-Pacífico, tornando-a um “barril de pólvora”.
Taiwan, apesar de operar como um Estado independente, não é reconhecida como tal pela China, que a considera uma província rebelde desde a vitória comunista na guerra civil de 1949. O governo taiwanês, por sua vez, defende que a ilha já é uma nação de facto, e que apenas os seus 23 milhões de habitantes podem decidir o seu destino.
A tensão vai além de discursos. Pequim tem intensificado os exercícios militares próximos à ilha, forçando aliados de Taiwan a reverem suas posições. Paralelamente, os EUA mantêm apoio militar e diplomático, o que irrita profundamente o regime de Xi Jinping.
A atual crise reacende o debate sobre o equilíbrio de poder no Indo-Pacífico. Enquanto Washington promete defender o “status quo”, Pequim avisa que não aceitará mudanças no rumo da reunificação — um objetivo de longo prazo assumido pelo presidente Xi.
Neste tabuleiro geopolítico, Taiwan é muito mais que uma ilha: é um símbolo da disputa entre modelos políticos e estratégicos antagónicos, com impacto direto na estabilidade global.
