A dívida pública de Angola passou de 34,3 mil milhões de kwanzas, em Dezembro de 2022, para Kz 53,1 mil milhões, em Dezembro de 2023, em grande medida, devido à depreciação da moeda nacional, informou esta terça-feira, em Luanda, o ministro de Estado para a coordenação económica, José Massano.
Ao apresentar os dados macro-económico sobre as finanças públicas do país, na abertura da 3ª edição da conferência económica nacional “Angola Economic Outlook 2024”, o governante disse que a nível das finanças estima-se que as contas fiscais tenham registado, no ano transacto, um saldo global deficitário de 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB), e saldo primário superavitário de 4,3 por centos.
Para contrapor este cenário, o ministro de Estado explicou que o Executivo adoptou um conjunto de medidas de estímulo à economia e de dinamização do seu potencial de crescimento, com foco na segurança alimentar, protecção e criação de postos de trabalho e de elevação da competitividade dos produtos “Feito em Angola”.
Conforme o governante, apesar de prevalecer os riscos e desafios centrados no comportamento de preços, pressão sobre a moeda, acesso ao crédito e remoção progressiva de subvenções não produtivas, as previsões para 2024 são positivas.
Neste particular, apontou que a economia nacional deverá crescer em cerca de 3 %, influenciado pelo crescimento de quase 5% do sector não petrolífero, que deverá compensar a contracção que se prevê para o sector de petróleo e gás de 3,2%.
Fez saber que o país importa mensalmente alimentos em torno dos 200 milhões de dólares, fundamentalmente em produtos como arroz, açúcar, frango, trigo e óleo alimentar.
Sobre a disponibilidade de preços e dos produtos importados, realçou que estes dependem do nível de oferta e dos mercados internacionais, da disponibilidade de moeda estrangeira e da taxa de câmbio no mercado interno.
A estes factores, junta-se o custo do frete e seguro internacional de transporte, bem como das condições operacionais e financeiras de acesso dos importadores locais aos mercados externos.
Referiu que esta situação se agrava devido à dependência elevada de um bem de exportação, nomeadamente, o petróleo bruto.
Segundo o ministro de Estado, o nível geral de preços aumentou, tendo a inflação passado de 13,86%, em 2022, para 20,01% no final de 2023, muito influenciada pela classe da alimentação e bebidas não alcoólicas.
Explicou que a inflação, ciclicamente elevada, depende do comportamento dos preços dos alimentos, que “em Angola representam cerca de 60% do cabaz típico de produtos e serviços consumidos pela nossa população”.
“É crucial o aumento da produção nacional garantir a segurança alimentar e tirar partido das outras oportunidades que este desenvolvimento trará para a economia”, frisou o ministro.
Com este intuito, disse, o Executivo fez um reforço, no presente OGE, da dotação orçamental de 150 mil milhões de kwanzas para o Ministério Agricultura e Floresta, tendo incrementado, recentemente, 50 mil milhões de kwanzas para viabilizar a recuperação e normalizar o funcionamento dos institutos agrários, bem como para o lançamento do projecto de edificação do Centro de Biotecnologia do Café.
A 3ª Conferência Angola Economic Outlook (AEO) decorreu sob o lema “Segurança alimentar: Realidade, desafios e oportunidades”, numa promoção do Ministério do Planeamento, em parceria com a revista Economia & Mercado.
A mesma teve dois painéis, durante os quais foram abordadas matérias ligadas ao “desenvolvimento económico 2023 e perspectivas macro-económicas para 2024” e “estratégias para o fomento da produção alimentar”.