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Revoluções de Nito Alves no seio do MPLA: E o crime de lutar pelo povo e contra o neocolonialismo em Angola

by REDAÇÃO

Luanda —A história recente de Angola carrega marcas profundas de conflitos ideológicos e traições políticas. Um dos episódios mais controversos envolve Bernardo Baptista, mais conhecido como Nito Alves, ex-membro do bureau político do MPLA e ministro da Administração do Território, que foi executado em meio a acusações de fraccionismo. Hoje, novas análises e testemunhos lançam luz sobre o que muitos consideram ter sido um verdadeiro golpe de Estado contra o poder popular.

Segundo relatos históricos, Nito Alves foi condenado não por conspirar contra o presidente Agostinho Neto, como sustentava a narrativa oficial do partido no poder, mas por ousar **representar os interesses reais das massas populares** e desafiar o sistema neocolonial que emergiu após a independência de Angola.

Nito Alves acreditava que a luta de libertação deveria resultar em justiça social e igualdade de oportunidades, e não em uma nova elite política restrita a brancos, mestiços e crioulos. Suas críticas à disparidade salarial e ao racismo institucional foram consideradas ameaças à estrutura de poder vigente. Em um de seus discursos, ele afirmou:

“No dia em que negros, brancos e mulatos receberem salários iguais pelo mesmo trabalho, o racismo desaparecerá.”

O antigo ministro condenava abertamente a corrupção, o clientelismo e o desvio dos ideais de libertação:

“Quero ver caído sob as nossas leis os hipócritas, os ladrões e os que comercializam a liberdade do povo”, declarou.

Essas declarações, aliadas à sua crescente popularidade junto ao povo, despertaram a desconfiança da ala mais conservadora e autoritária do MPLA, supostamente liderada por Tony Neto. Nito Alves foi então acusado de querer derrubar o presidente, o que ele sempre negou.

Para analistas independentes, sua execução entre 1977 e 1980 representou um marco do desvio do projeto revolucionário original para um regime de concentração de poder, autoritarismo e exclusão social.

Sua visão permanece atual para muitos jovens e ativistas políticos que denunciam as persistentes desigualdades em Angola. Em tom profético, Nito Alves deixou como legado a seguinte advertência:

“Deverão lutar pela democracia política e social. Enquanto o MPLA estiver no poder, haverá sempre racismo e corrupção.”

Mais de quatro décadas após sua morte, seu nome ainda desperta debates intensos sobre justiça, memória histórica e o verdadeiro significado da libertação.

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