Após mais uma rodada de intensas negociações comerciais entre a União Europeia e os Estados Unidos, a mensagem vinda de Bruxelas foi clara: “A bola está do vosso lado.” O recado foi dado pelo comissário europeu para o Comércio, Maroš Šefčovič, após encontros realizados em Washington nesta segunda-feira, 14 de abril, com representantes da administração americana.
O encontro, descrito como “muito focado e produtivo”, girou em torno de temas espinhosos como tarifas sobre aço, alumínio e automóveis, além de questões ligadas à segurança das cadeias de abastecimento de semicondutores e produtos farmacêuticos.
No centro das negociações está a proposta da União Europeia de eliminação mútua de tarifas sobre bens industriais — incluindo o setor automóvel. Em outras palavras, a UE está disposta a adotar a política do “zero por zero”, mas agora aguarda que Washington defina sua posição.
Segundo o porta-voz da Comissão Europeia, Olof Gill, a União já fez sua parte: “Precisamos de um nível adicional de compromisso por parte dos EUA para manter a negociação em andamento. A decisão, agora, está nas mãos deles.”
A comitiva europeia foi composta também por Bjoern Seibert, chefe de gabinete da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e reuniu-se com Howard Lutnick, secretário de Comércio dos EUA, e o representante comercial Jamieson Greer.
Apesar do tom diplomático, os obstáculos continuam significativos. Os Estados Unidos ainda aplicam tarifas de 25% sobre as importações europeias de aço, alumínio e automóveis, além de uma tarifa geral de 10% sobre outros produtos. O governo americano, sob a liderança do presidente Donald Trump, tem criticado duramente a UE por manter, segundo ele, barreiras comerciais injustas, principalmente em áreas como saúde, segurança alimentar e tecnologia digital.
Washington sustenta que os regulamentos europeus dificultam o acesso ao mercado e cita uma série de preocupações nos setores sanitário, fitossanitário e digital. No entanto, a Comissão Europeia já deixou claro que há “linhas vermelhas” que não serão cruzadas.
“As normas europeias, sobretudo em alimentos, saúde e segurança, são intocáveis”, reforçou Gill. Isso inclui também a postura da UE sobre regulação tecnológica e digital, áreas nas quais Bruxelas não pretende ceder espaço.
Agora, as discussões continuam em nível técnico, com equipes especializadas de ambos os lados analisando detalhes e tentando encontrar um terreno comum. Apenas quando esse trabalho estiver mais avançado, as decisões poderão voltar ao nível político, onde os verdadeiros acordos são firmados.
A UE busca avançar com pragmatismo, mas espera reciprocidade por parte dos EUA. O momento é crucial: ou Washington responde com a mesma disposição para reduzir barreiras, ou as negociações podem emperrar mais uma vez.