Em mais um episódio estratégico do xadrez político angolano, o MPLA tem se mobilizado para atrair Luyana Ginga Sakaita Savimbi, filha do histórico líder da UNITA, Jonas Savimbi, para suas fileiras. A movimentação acontece num momento em que Ginga já manifestou abertura para integrar outras forças políticas, como o PRA-JA Servir Angola, liderado por Abel Chivukuvuku.
A missão de conquistar a confiança de Ginga foi recentemente confiada à vice-presidente do MPLA, Mara Quiosa, substituindo Ernesto Norberto Garcia, diretor do Gabinete de Estudos e Análises Estratégicas. A mudança ocorre após um episódio polêmico, no qual Ginga acusou Garcia de má-fé ao usar sua imagem sem consentimento após um encontro no qual ambos estariam envolvidos — encontro esse cuja localização ainda gera versões contraditórias.
Fontes revelam que o interesse do MPLA vai além da filiação simbólica. A estratégia visa neutralizar qualquer movimento de Ginga em direção ao PRA-JA e, ao mesmo tempo, gerar impacto na UNITA, especialmente com declarações públicas que enfraqueçam a candidatura de Adalberto Costa Júnior à liderança do partido no próximo congresso.
Diante de relatos sobre dificuldades financeiras enfrentadas por Ginga, o MPLA pretende oferecer condições para que ela e os filhos possam residir e estudar no Porto, em Portugal. Esta oferta, porém, ainda não foi formalmente aceita nem confirmada pela própria Ginga.
Durante uma entrevista à Rádio LAC, em abril, Ginga revelou estar disponível para integrar qualquer força política com a qual se identificasse em termos de valores e propostas para o país. Ela também voltou a criticar a UNITA, alegando ter sido marginalizada, e apontou a nomeação de Irina Diniz para cargos de liderança como um dos fatores da sua saída.
Apesar das movimentações em curso, Ginga já afirmou publicamente que jamais trairia a memória de Jonas Savimbi, o que adiciona uma camada de resistência à estratégia do MPLA. Em declarações recentes à Mwangolé TV, reforçou o descontentamento com a atual direção da UNITA e a forma como os filhos de Savimbi têm sido tratados pelo partido.
No último dia 16 de maio, Mara Quiosa reuniu-se com um intermediário que, segundo relatos, teria influência suficiente para convencer Ginga a declarar apoio ao MPLA. O partido também avalia a possibilidade de abrir negociações diretas com membros próximos da família, incluindo a mãe e a irmã de Ginga.
A movimentação do MPLA em torno de Ginga Savimbi não é apenas simbólica — ela tem implicações estratégicas profundas. Seja por razões eleitorais ou de narrativa política, o envolvimento de um nome tão carregado de história como o de Savimbi poderá gerar repercussões significativas no cenário político angolano, especialmente às vésperas do congresso da UNITA.