O governo dos Estados Unidos intensificou suas ações contra o crime organizado transnacional ao anunciar uma recompensa de 5 milhões de dólares por informações que levem à prisão ou condenação de dois dos principais líderes da violenta gangue MS-13. O anúncio foi feito pelo Departamento de Estado, que classificou o grupo como uma Organização Terrorista Estrangeira (FTO) e uma Entidade Terrorista Global Especialmente Designada (SDGT).
Os alvos principais da recompensa são Yulan Adonay Archaga Carías, conhecido como “Porky”, e Alexander Mendoza, ambos líderes atuantes da MS-13 em Honduras. De acordo com as autoridades norte-americanas, Archaga Carías é apontado como o cérebro por trás de diversas operações criminosas, incluindo tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, homicídios, sequestros e outros crimes violentos. Seu nome já figura na lista de mais procurados da DEA (agência antidrogas dos EUA).
A MS-13, que surgiu em Los Angeles na década de 1980 entre emigrantes salvadorenhos, espalhou-se por vários países da América Central, especialmente El Salvador, Guatemala e Honduras. Desde 2012, o grupo já é alvo de sanções do Departamento do Tesouro dos EUA.
A luta contra o crime transnacional ganhou novos contornos com o uso controverso da Alien Enemies Act, uma lei de 1789, para justificar a deportação de migrantes venezuelanos acusados de ligações com o grupo criminoso *Tren de Aragua, originário da Venezuela. A administração Trump tem utilizado essa legislação, anteriormente aplicada apenas em tempos de guerra, como base legal para transferir centenas de imigrantes para centros de detenção fora do país.
Um dos destinos é o “CECOT”, a mega-prisão em El Salvador, com a qual os EUA firmaram um acordo com o presidente Nayib Bukele. Como parte desse pacto, Washington se comprometeu a investir cerca de 6 milhões de dólares por ano no sistema prisional salvadorenho. Até o momento, mais de 200 venezuelanos foram enviados para lá, sob alegações de envolvimento com o Tren de Aragua.
No entanto, uma investigação recente da Bloomberg revelou que 90% desses deportados não possuem antecedentes criminais nos Estados Unidos, o que levantou sérias preocupações sobre violações de direitos humanos e uso político do sistema de imigração.
A controvérsia levou a Suprema Corte dos EUA a bloquear temporariamente essas deportações. A decisão atendeu a um pedido da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), que argumentou que os migrantes estavam sendo removidos sem o devido processo legal. O governo norte-americano, entretanto, já entrou com recurso para reverter a decisão e retomar os voos de deportação.
Enquanto a pressão aumenta nos bastidores da justiça e diplomacia internacional, os Estados Unidos mantêm o foco no combate às gangues transnacionais, tentando equilibrar segurança interna e respeito aos direitos humanos — uma tarefa que promete gerar ainda muitos debates.