A negociação está a ser pressionada pelo anúncio da OPEP+, no domingo, de que vai prolongar os cortes de produção, tendo, no entanto, estabelecido um prazo para gradualmente eliminar alguns desses cortes.
O West Texas Intermediate (WTI), “benchmark” para os Estados Unidos, perde 3,49%% para 74,30 dólares por barril. Por seu lado, o barril de Brent do Mar do Norte, crude negociado em Londres e referência para as importações europeias, recua 3,76% para 78,55 dólares.
A queda acontece depois de os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (o chamado grupo OPEP+) terem decidido este domingo, 2 de junho, prolongar até 31 de dezembro de 2025 os cortes voluntários na produção de petróleo acordados desde o final de 2022 e que fixam o tecto de produção conjunta em 39,72 milhões de barris por dia.
No entanto, foi também anunciado o prolongamento de um outro corte (redução voluntária por parte de alguns produtores, que complementam assim a sua quota definida pelo cartel, de 2,2 milhões de barris diários, em três meses, até setembro de 2024), que será depois gradualmente eliminado durante um ano até setembro de 2025.
A decisão está a gerar diferentes interpretações por parte dos “players” do mercado petrolífero. Se, por um lado há quem argumente que a decisão é “bullish” e que deverá elevar os preços do crude, há ainda quem defenda que deverá pressionar.
Entre os otimistas está o UBS, que espera que o Brent suba para 91 dólares por barril nos próximos meses. “À medida que continuarmos a ver o mercado petrolífero com défice de oferta face à procura, antecipamos que o Brent vá valorizando”, sublinha Giovanni Staunovo, analista de matérias-primas do banco suíço, numa análise a que o Negócios teve acesso.
Apesar de falar numa reabertura progressiva das suas torneiras, a OPEP+ sublinhou, na sua reunião de ontem, que só começará a abandonar estes cortes de oferta – ou seja, a colocar gradualmente mais crude no mercado – se as condições de mercado o permitirem.
Com este panorama, o UBS mantém uma perspetiva “modestamente positiva” para os preços do crude, antevendo que o maior recurso aos inventários de petróleo nas próximas semanas (o que reduzirá os stocks) sustente as cotações.
O petróleo tem estado em queda nos últimos dois meses, depois de os riscos geopolíticos terem abrandado, bem como a procura. Este acordo sobre os cortes tem como objetivo suportar os preços, ao mesmo tempo que alivia as restrições de produção a alguns membros, que há muito queriam aumentar a produção.