Luanda – O Presidente da República de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, abriu oficialmente nesta segunda-feira, em Luanda, a 17ª edição da US-Africa Business Summit, destacando o continente africano como um dos principais motores do crescimento económico global e apelando a uma redefinição das relações económicas com os Estados Unidos da América.
Na qualidade de anfitrião do evento, o Chefe de Estado angolano sublinhou a importância da cimeira como um “espaço privilegiado” para a construção de parcerias estratégicas que tragam benefícios mútuos e sustentáveis, recordando os laços históricos entre África e os EUA.
“Hoje, mais do que nunca, o continente africano posiciona-se como um grande motor de crescimento global, com uma população jovem, inovadora e com recursos abundantes”, afirmou João Lourenço, diante de líderes empresariais e representantes governamentais dos dois continentes.
Durante o seu discurso, Lourenço destacou as transformações económicas em curso em diversos países africanos, com reformas estruturais que visam atrair mais investimentos, melhorar a transparência, diversificar as economias e reforçar a integração regional.
O Presidente angolano deu como exemplo o crescimento da economia nacional, que registou uma taxa de 3,5% no primeiro trimestre do ano, refletindo o dinamismo do continente. Contudo, advertiu que para desbloquear plenamente o potencial africano, é necessário acelerar a integração económica continental e fortalecer a Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA).
João Lourenço defendeu condições mais justas de financiamento junto das instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial e o FMI, para viabilizar investimentos públicos essenciais em infraestruturas — desde estradas e portos a tecnologias de comunicação.
O Presidente reiterou a necessidade de criar “corredores logísticos funcionais” e regras que facilitem a mobilidade de capitais, mercadorias e pessoas, para impulsionar o comércio e a industrialização em África.
A intervenção de Lourenço apontou áreas estratégicas de investimento, como energias renováveis, agroindústria, segurança alimentar, minerais críticos e tecnologias digitais, chamando a atenção para o enorme potencial agrícola e a juventude africana como ativos determinantes.
“Esperamos mais do que capital. Contamos com parcerias que respeitem a soberania dos nossos países, promovam a transferência de conhecimento e gerem empregos qualificados”, declarou.
Destacou-se ainda o papel dos minerais estratégicos, essenciais para a transição energética global, cuja exploração responsável pode transformar a realidade económica africana.
O Presidente sublinhou o papel de Angola em iniciativas estruturantes, como o Corredor do Lobito, que ligará o Atlântico ao Índico por ferrovia, promovendo o comércio intra-africano. Mencionou também o crescimento das zonas económicas especiais e das cadeias de valor regionais.
João Lourenço destacou a transformação digital em curso no continente, liderada por start-ups e plataformas tecnológicas criadas por uma juventude “criativa e resiliente”, tornando África um polo emergente de inovação.
Perante os desafios geopolíticos globais, o Presidente afirmou que África se apresenta como uma parceira estável e de longo prazo, e apelou aos EUA a adotarem uma visão descomplexada e estratégica sobre o continente.
“É tempo de substituirmos a lógica da ajuda pela lógica do investimento e da ambição. África está pronta. Os nossos governos estão preparados para facilitar, e o nosso setor privado quer construir alianças para a prosperidade partilhada”, disse.
Ao encerrar o seu discurso, João Lourenço reiterou o convite para que os participantes desfrutem da hospitalidade angolana e da beleza natural de Luanda, declarando oficialmente aberta a 17ª Cimeira Empresarial EUA-África.