O antigo candidato presidencial moçambicano, Venâncio Mondlane, acusou o Governo de Angola de violar acordos internacionais e de atuar como um “regime ditatorial” após ter sido impedido de entrar no país para participar numa conferência sobre democracia e liberdade em África, organizada pela UNITA, em Benguela.
O incidente ocorreu na quinta-feira (13), no Aeroporto Internacional de Luanda, onde Mondlane foi retido juntamente com o ex-Presidente do Botswana, Ian Seretse Khama, o ex-Presidente da Colômbia, Andrés Pastrana, o vice-presidente do Senado do Quénia, Edwin Sifuna, e outros convidados. Khama e Pastrana acabariam por regressar aos seus países em protesto.
Segundo Mondlane, não foi apresentada qualquer justificação para a recusa de entrada, nem providenciado o retorno ao seu país de origem, como prevê a lei angolana. O político defendeu que “o Estado angolano deve ser processado” e acusou o Executivo de colocar os estatutos do MPLA acima da Constituição e das leis.
Para o moçambicano, a medida representa uma violação dos acordos da SADC, da CPLP e de tratados africanos que garantem mobilidade entre Estados-membros. “Envergonha os nossos países africanos e tem que envergonhar Angola”, afirmou, num direto nas redes sociais.
Mondlane também criticou o Presidente João Lourenço, acusando-o de incoerência no papel de líder da União Africana e mediador do conflito na República Democrática do Congo. “Há oito anos que João Lourenço não tem diálogo com a oposição. Não pode promover estabilidade noutros países se não a implementa no seu próprio”, declarou.
A UNITA, através do secretário-geral Álvaro Daniel, manifestou “repulsa” pela situação, alegando que os contactos para a organização do evento foram feitos com as autoridades competentes.
A Presidência da República de Angola não respondeu até ao momento ao pedido de comentário feito pela Voz da América.
O encontro, que decorre em Benguela, é promovido pela UNITA em parceria com a Fundação Konrad Adenauer e o World Liberty Congress.