Os mercados financeiros iniciaram esta terça-feira em clima de cautela, com o dólar americano a registar valorização face às principais moedas, impulsionado pela instabilidade política na Europa e pelas expectativas de política monetária no Japão.
O iene japonês mantém a trajetória de desvalorização pelo quarto dia consecutivo, refletindo a incerteza em torno da nova liderança do Partido Liberal Democrata, que deverá assumir o Governo e adotar uma postura mais favorável à redução das taxas de juro pelo Banco do Japão. Analistas do Commonwealth Bank of Australia, citados pela Bloomberg, alertam que a possibilidade de subida das taxas “continua a diminuir”.
Após atingir mínimos históricos face ao euro (176,35 ienes), o ministro das Finanças japonês afirmou que o Governo acompanha de perto os movimentos no mercado cambial. Esta manhã, o euro recuava 0,15% para 175,81 ienes, enquanto a moeda única também perdia força perante o dólar, descendo 0,32% para 1,1674 dólares.
A crise política em França continua a pesar sobre o euro, com o presidente Emmanuel Macron a conceder 48 horas ao primeiro-ministro demissionário Sébastien Lecornu para negociar com as diferentes forças partidárias, na tentativa de evitar um agravamento da situação económica do país. A instabilidade francesa também tem impactado os mercados obrigacionistas, alargando o fosso entre as dívidas soberanas da França e da Alemanha.
Os juros da dívida francesa a 10 anos subiram 2,4 pontos base, para 3,59%, enquanto as “bunds” alemãs registaram um avanço mais moderado, de 0,9 pontos, para 2,73%. O prémio de risco francês face ao alemão atingiu assim os 86 pontos base. Em Portugal, a rentabilidade dos títulos a 10 anos aumentou para 3,13%, e em Espanha para 3,27%.
Nos Estados Unidos, o dólar avançava 0,17% para 150,60 ienes, com o índice DXY — que mede o desempenho da moeda americana face a um cabaz de divisas — a subir 0,28%, situando-se em 98,37 pontos.
Enquanto isso, o mercado do petróleo prolonga os ganhos, sustentado pela postura prudente da OPEP+, que mantém cortes de produção em vigor e reforça a perceção de restrição na oferta.
A instabilidade política e monetária global continua, assim, a ditar o rumo dos mercados, num contexto de crescente aversão ao risco e volatilidade cambial.
