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Professor Diavava Bernardo detido em Luanda por “filmar” no Ministério da Educação: caso gera revolta popular

by REDAÇÃO

A detenção do professor angolano Diavava Bernardo, nesta semana, está a gerar forte reação da sociedade civil e do movimento estudantil. O educador encontra-se sob custódia na 4.ª Esquadra da Polícia Nacional, em Luanda, após ser acusado de filmar dentro das instalações do Ministério da Educação — um ato agora classificado pelas autoridades como “crime”.

Segundo o presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), Francisco Teixeira, o professor estava no Ministério para apresentar uma reclamação formal. Durante o processo, decidiu registar imagens no local, o que levou funcionários da instituição a chamarem a polícia alegando “incômodo” com a sua conduta.

Apesar das tentativas de diálogo por parte de representantes do MEA, os esforços para persuadir os funcionários a retirarem a queixa não surtiram efeito. O professor deverá ser presente esta terça-feira, 3 de junho, a um juiz de Garantia, que determinará a medida de coação.

Este não é um episódio isolado na trajetória de Diavava Bernardo. Em setembro de 2022, o professor já havia sido detido após organizar um protesto pacífico no município de Viana. O ato, que reuniu centenas de alunos, denunciava a precariedade nas escolas públicas, especialmente a escassez de carteiras escolares. Como retaliação, Diavava foi suspenso das suas funções por um ano.

Desde então, tem sido uma figura ativa e combativa nas reivindicações por um sistema educacional mais digno e justo. A sua atuação, no entanto, tem lhe custado caro, com sucessivas detenções e represálias.

A detenção de Diavava reacende o debate sobre os limites da liberdade de expressão e do direito à participação cívica em Angola. O MEA já declarou que continuará a acompanhar o caso e exige que os direitos fundamentais do professor sejam respeitados.

Enquanto o processo segue em curso, cresce a indignação nas redes sociais, onde muitos denunciam a criminalização de atos pacíficos como filmagens em instituições públicas, principalmente quando realizados em contextos de denúncia.

O caso de Diavava Bernardo não é apenas sobre um vídeo ou uma queixa administrativa. Ele simboliza um embate maior entre cidadania ativa e repressão institucional. Para muitos estudantes e ativistas, trata-se de uma tentativa de silenciar vozes que desafiam o status quo e expõem a fragilidade do sistema educacional.

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