Na votação da ONU, os Estados Unidos se uniram à Rússia em um movimento que surpreendeu o mundo. Eles se opuseram a uma resolução ucraniana apoiada pela União Europeia, que exigia a retirada das tropas russas da Ucrânia e denunciava a agressão russa. Além disso, os EUA se abstiveram em relação a outra proposta que, com o apoio da França, buscava afirmar que a Rússia era a responsável pela invasão do território ucraniano.
O evento ocorreu em um contexto delicado: na mesma data, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebia o presidente francês Emmanuel Macron em Washington, enquanto a Ucrânia marcava o terceiro aniversário da invasão russa. Este cenário sublinhou ainda mais o impacto do afastamento dos EUA da posição tradicionalmente adotada pelos aliados europeus.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Chipre, Constantinos Kombos, comentou sobre as implicações do dia. Ele descreveu a votação como um marco importante nas relações transatlânticas, com a União Europeia fazendo o possível para manter uma postura sólida, apesar das divisões internas. Kombos também destacou o esforço dos países da União Europeia em mobilizar diplomatas para Nova Iorque, o que resultou em uma vitória simbólica para a posição europeia, mesmo com a diminuição do apoio a favor da Ucrânia.
Essa mudança de postura dos Estados Unidos, agora sob o comando de Trump, gerou discussões acaloradas. Embora as decisões da ONU não tenham força legal vinculativa, elas são vistas como um reflexo do sentimento global. O voto dos EUA na Assembleia foi criticado até dentro do próprio partido republicano, com alguns analistas apontando que a postura de Trump poderia ser uma jogada arriscada.
Em resposta ao movimento de Trump, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, acusou-o de estar se alimentando de informações falsas promovidas pela Rússia, afirmando que isso poderia colocar em risco a soberania da Ucrânia. Trump, por sua vez, chegou a afirmar que a guerra poderia terminar rapidamente caso as conversações com a Rússia avançassem, sugerindo que um acordo de paz poderia ser alcançado em semanas, caso houvesse progressos nas negociações.
O resultado da votação na Assembleia Geral da ONU foi de 93 votos a favor da resolução ucraniana, 18 contra e 65 abstenções. Embora tenha sido uma vitória para a Ucrânia, o número de abstenções e a oposição de potências como os Estados Unidos indicam uma queda no apoio global ao país em comparação com votações anteriores, quando mais de 140 nações haviam condenado a agressão russa.
A vice-ministra dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Mariana Betsa, reiterou que seu país estava exercendo seu “direito à autodefesa” diante da invasão russa, citando a Carta das Nações Unidas, que exige o respeito à soberania e integridade territorial dos países. Ela também ressaltou que a agressão russa era uma violação clara desse princípio fundamental.
O afastamento dos EUA da linha tradicional de apoio à Ucrânia e o novo foco de Trump nas negociações diretas com a Rússia sinalizam uma mudança substancial na política externa americana. Em vez de continuar a pressionar Moscovo, os EUA estão agora buscando alternativas para resolver o conflito, enquanto a Europa e a Ucrânia observam com crescente preocupação esse reposicionamento.
Este episódio mostra como as relações internacionais podem ser alteradas por mudanças políticas internas, e como a postura de uma única nação, neste caso os Estados Unidos, pode redefinir a dinâmica global. Com a guerra na Ucrânia em seu quarto ano, as consequências dessas novas negociações ainda estão por se desenrolar, deixando o futuro da região e da ordem internacional incertos.