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Sissoco Embaló em Moscovo: Viagem de Estado em meio à crise Política na Guiné-Bissau

A crise política e social em curso na Guiné-Bissau parece estar longe de uma solução, e o atual Presidente, Umaro Sissoco Embaló, em vez de lidar com a crescente tensão interna, está a caminho de Moscovo para sua primeira visita de Estado à Rússia. A viagem acontece em um momento particularmente delicado, faltando apenas 48 horas para o término de seu primeiro mandato presidencial.

A presidência de Sissoco Embaló anunciou que o chefe de Estado viajará para a Rússia para se reunir com o presidente Vladimir Putin, em uma visita de caráter oficial. A missão da CEDEAO, que está no país tentando mediar a crise, tem sido criticada por se reunir exclusivamente com os apoiantes do governo, o que tem gerado ainda mais desconfiança entre a oposição e a sociedade civil. A visita de Embaló à Rússia acontece enquanto a tensão política na Guiné-Bissau atinge níveis elevados, com a oposição alegando que o seu mandato terminará de fato em 27 de fevereiro, como estipulado pela Constituição.

Embora Sissoco tenha afirmado que seu mandato só chega ao fim em setembro e que as eleições gerais estão marcadas para 30 de novembro, a oposição discorda e anunciou uma “paralisação total” a partir da próxima sexta-feira (28 de fevereiro). Em resposta, o Ministério do Interior garantiu que tomará uma postura firme contra qualquer tentativa de desordem, ameaçando reprimir os protestos previstos para a data.

Em entrevista à DW, Bubacar Turé, presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, criticou duramente as ameaças feitas pelo Ministério do Interior contra os manifestantes que planejam protestar. Para Turé, essas ameaças são um reflexo claro do regime autoritário de Sissoco, que, segundo ele, não respeita os direitos fundamentais da população. O ativista defendeu que a liberdade de manifestação é um direito constitucional dos cidadãos e não depende de “caprichos” do governo.

Turé também comentou sobre a visita do presidente à Rússia em meio à crise política interna. Para ele, a viagem é uma tentativa desesperada de Embaló para escapar do isolamento político e social em que se encontra. Segundo o jurista, é amplamente reconhecido que o mandato do presidente termina no dia 27 de fevereiro, e qualquer ação legal ou decisão do Supremo Tribunal de Justiça que contrarie isso não tem validade jurídica. Em sua visão, a visita à Rússia não trará benefícios reais para o povo guineense.

A viagem de Sissoco Embaló ocorre em um momento de crescente frustração popular e uma crise política sem precedentes. A oposição, junto à sociedade civil, tem questionado a legitimidade do governo e da gestão do presidente, que não só enfrenta críticas internas, mas também a alegação de que manobras judiciais têm sido usadas para prolongar seu tempo no poder de maneira inconstitucional.

A missão de mediação da CEDEAO, que foi enviada ao país para tentar ajudar a resolver o impasse político, também tem sido alvo de críticas. A acusação de que a missão estaria se reunindo apenas com os aliados do presidente só intensifica a percepção de que o processo de mediação não está sendo conduzido de forma imparcial.

Neste cenário de tensão política crescente e uma divisão cada vez mais visível entre o governo e a oposição, a viagem de Umaro Sissoco Embaló à Rússia tem gerado críticas tanto dentro quanto fora da Guiné-Bissau. Enquanto o país enfrenta uma crise política e uma ameaça de repressão, a decisão do presidente de viajar para Moscovo em plena instabilidade é vista como um reflexo de um governo distante das necessidades urgentes da população. A visita, na visão de muitos, não trará solução para a crise interna, e a luta pela democracia e pelos direitos humanos na Guiné-Bissau continua a ser uma batalha constante.