Nos últimos tempos, os portos portugueses têm sido alvo de atenção devido ao crescente uso como ponto de entrada para drogas provenientes da América Latina, particularmente da Colômbia e do Brasil. A operação “Porthos”, conduzida pela Polícia Judiciária (PJ), visa desmantelar uma rede de corrupção e tráfico de drogas que envolve funcionários da Autoridade Tributária (AT) e trabalhadores dos portos de Lisboa, Setúbal e Sines. A investigação apura se esses funcionários estavam sendo subornados para facilitar a entrada de grandes quantidades de cocaína no território português, permitindo que essa droga chegasse ao mercado europeu.
A operação, que teve início na manhã de terça-feira, busca descobrir como essas organizações criminosas, como o PCC (Primeiro Comando da Capital) do Brasil, além de poderosos cartéis colombianos, estariam utilizando os portos como rotas principais para o envio de estupefacientes. A droga, muitas vezes dissimulada em contentores carregados de outros produtos, é transportada para o continente europeu e distribuída em várias partes da União Europeia.
Segundo a PJ, as investigações envolvem possíveis crimes de corrupção ativa e passiva, tráfico de estupefacientes e branqueamento de capitais. Os suspeitos, que podem ser mais de uma dezena de pessoas, teriam recebido subornos significativos de organizações criminosas para permitir que os carregamentos de cocaína passassem sem fiscalização nos portos. Uma vez liberados, os contentores seriam transportados em camiões para diversos destinos no continente.
A operação “Porthos” já resultou em algumas apreensões, como dinheiro, equipamentos eletrónicos, documentos, computadores e telemóveis, que podem fornecer mais informações sobre o esquema. Mobilizando 150 inspetores da PJ e contando com a colaboração de autoridades internacionais, a operação é acompanhada por quatro magistrados do Ministério Público e está em andamento nas áreas metropolitanas de Lisboa, Setúbal, Sines e Leiria.
Estão sendo cumpridos 32 mandados de busca, sendo 14 domiciliários e 18 não domiciliários, com o objetivo de reunir mais provas sobre as atividades criminosas envolvidas. A operação é uma clara demonstração da crescente preocupação das autoridades em combater o uso dos portos portugueses como rota de entrada de drogas, e destaca a complexidade das redes criminosas que operam internacionalmente.
Este caso é apenas mais um exemplo da vulnerabilidade de certos pontos logísticos chave, como os portos, no combate ao tráfico de drogas. As autoridades estão intensificando os esforços para monitorar e desmantelar essas organizações, protegendo não só Portugal, mas também toda a Europa, de se tornar um alvo fácil para essas redes internacionais.