O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, se encontraram em Washington no dia 4 de fevereiro para discutir questões cruciais, como a segunda fase do cessar-fogo na Faixa de Gaza e a estabilidade política de Israel. Esse encontro reflete a crescente proximidade entre os dois países, evidenciada pela postura de Trump em relação à política externa e ao fortalecimento das relações bilaterais.
A visita de Netanyahu à Casa Branca marca um momento significativo nas relações entre os EUA e Israel. Como o primeiro líder estrangeiro a ser recebido por Trump desde sua posse, Netanyahu reforça a posição de Israel como um aliado crucial para a administração americana. Sónia Sénica, pesquisadora do Instituto Português de Relações Internacionais, observa que o encontro enfatiza o papel de Israel como parceiro estratégico dos EUA, especialmente no contexto das tensões no Oriente Médio e na Europa. Trump já demonstrou repetidas vezes que, tanto no Oriente Médio quanto em outros cenários internacionais, está comprometido em apoiar Israel.
A visita também sinaliza a intenção de Trump de reconfigurar a segurança regional, particularmente frente à crescente influência do Irã, além de destacar a tendência de sua política externa, que prioriza acordos bilaterais em vez do multilateralismo.
O encontro também marcou o início das negociações para a segunda fase do cessar-fogo entre Israel e o Hamas. Essa etapa exige desafios consideráveis, especialmente considerando que Israel ainda está envolvido em operações militares na Cisjordânia. Embora o cessar-fogo tenha sido um produto de intensas negociações, principalmente sob a mediação dos EUA, a proposta de Trump de interromper as hostilidades é vista como uma pressão significativa para Israel, que, apesar de ter condições favoráveis, se encontra em uma posição vulnerável.
O acordo proposto envolve a liberação de reféns e a criação de uma trégua mais duradoura, mas questões delicadas, como a retirada de tropas israelitas da Faixa de Gaza, continuam sendo um obstáculo significativo. O corredor de Filadélfia, uma zona de segurança estratégica na fronteira entre Gaza e o Egito, representa uma questão sensível para Israel, que demonstrou relutância em abrir mão dessa área vital para sua segurança.
Netanyahu, que prometeu erradicar o Hamas, está diante de um cenário político complexo em Israel. Seu governo tem enfrentado críticas internas, especialmente em relação à sua incapacidade de garantir uma vitória definitiva contra o Hamas. A visita a Washington é uma tentativa de fortalecer sua posição tanto internacionalmente quanto dentro de Israel, onde sua liderança está sendo desafiada por aliados políticos e por uma sociedade que busca respostas eficazes para o conflito.
Para Donald Trump, essa visita também tem implicações mais amplas. O presidente dos EUA está em busca de reforçar sua imagem internacional como um pacificador, tentando não apenas resolver o impasse entre Israel e o Hamas, mas também buscar uma possível normalização das relações entre Israel e a Arábia Saudita, o que poderia ser um marco em sua política de segurança no Oriente Médio.
A ambição de Trump não se limita apenas a resolver conflitos; ele também busca acredibilidade em sua capacidade de negociar acordos internacionais, até alimentando a expectativa de ser considerado para o Prêmio Nobel da Paz. No entanto, sua recente declaração sobre a possível transferência de palestinianos de Gaza para o Egito e a Jordânia gerou controvérsias, já que esses países rejeitaram a proposta e reforçaram a complexidade das questões diplomáticas no Oriente Médio.
As tensões no Oriente Médio continuam a ser um obstáculo significativo para qualquer plano de pacificação. A declaração de Trump sobre a movimentação forçada de palestinianos para outros países não só foi mal recebida pelos países da região, mas também pode prejudicar o processo de estabilização. A falta de confiança mútua entre as partes e as dificuldades em implementar acordos deixam claro que a tarefa de criar uma paz duradoura é complexa e repleta de desafios.
A visita de Netanyahu a Washington, portanto, é um reflexo das dinâmicas geopolíticas do momento: uma tentativa de fortalecer alianças, gerenciar conflitos internos e projetar uma imagem de força em meio a pressões internacionais.