“É imperdoável, porque ele sabe que eu tenho um cargo público e político, e pago por isso”, disse o Presidente da República.
Nuno Rebelo de Sousa procurou-o para acelerar o tratamento de quatro milhões de euros das crianças, com o remédio Zolgensma para a atrofia muscular espinhal.
“É imperdoável, porque ele sabe que eu tenho um cargo público e político, e pago por isso. Há coisas piores na vida. Não sei se ele vai ser responsabilizado. Não me interessa. Essa é uma das vantagens de se cortar”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
A relação entre os dois já era tensa, mas o caso das gémeas precipitou o afastamento total. “Ele tem 51 anos. Se fosse o meu neto mais velho e preferido, com 20 anos, eu sentir-me-ia corresponsável. Mas, com 51 anos, é maior e vacinado”, atirou o Presidente da República.
Em outubro de 2019, a Presidência recebeu um e-mail de Nuno Rebelo de Sousa relativo ao tratamento das gémeas luso-brasileiras. À data, o chefe de Estado estava próximo de ser operado ao coração e colocou o caso de parte. A Casa Civil considerava impossível interferir.
O caso tornou-se público em novembro. “Foi preciso recorrer à tecnologia para recuperar as mensagens [trocadas com o filho]. Não me lembrava das gémeas”, alegou.
Dias antes, António Costa, visado na ‘Operação Influencer’, demitiu-se do cargo de primeiro-ministro. “Eu consolava-o em relação ao caso dele e ele consolava-me no caso das gémeas”, contou.
As crianças acederam irregularmente ao tratamento, confirmou este mês a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde.