Home ECONOMIA Trump quer tarifa de 100% sobre filmes estrangeiros e acende novo alerta em Hollywood

Trump quer tarifa de 100% sobre filmes estrangeiros e acende novo alerta em Hollywood

by REDAÇÃO
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a agitar os mercados internacionais e o setor cultural neste domingo (4 de maio de 2025), ao anunciar a intenção de aplicar uma tarifa de 100% sobre todos os filmes produzidos fora do país. A proposta foi divulgada através de uma publicação na sua rede social, Truth Social, e já está a gerar debates intensos dentro e fora da indústria cinematográfica.

“A indústria americana está em risco”

No seu comunicado, Trump afirma que a indústria cinematográfica dos EUA está a “morrer rapidamente”, culpando os incentivos oferecidos por outros países que, segundo ele, estão a “roubar” produções americanas. Para o presidente, essa fuga de produções representa não apenas um problema económico, mas também uma ameaça à segurança nacional.

“É um esforço coordenado de outras nações. E, para além de tudo, está cheio de mensagens e propaganda contra os nossos valores”, escreveu Trump.

Embora ainda não estejam claros os mecanismos para a implementação dessa tarifa, a medida visaria todos os filmes produzidos no exterior que entrem no mercado americano — o que levanta dúvidas técnicas e legais, dado que muitas produções têm partes filmadas em diversos países.

Impacto na indústria global

Há décadas que os estúdios procuram locais mais baratos e vantajosos para filmar, com destaque para o Canadá, Reino Unido e Austrália. Com incentivos fiscais generosos, essas regiões tornaram-se líderes na atração de blockbusters que, até então, teriam sido gravados em Los Angeles ou Nova Iorque.

Dados da Motion Picture Association revelam a força das exportações de Hollywood, com 22,6 mil milhões de dólares gerados em vendas internacionais em 2023, além de um superávit comercial de 15,3 mil milhões. Mesmo com esse domínio global, a produção nacional tem perdido terreno.

Um relatório recente da empresa ProdPro mostrou que a produção nos EUA caiu 26% desde 2021, sendo a Califórnia a região mais afetada. Em resposta, o governador Gavin Newsom propôs ampliar os incentivos fiscais locais para revitalizar a indústria.

Apesar do impacto potencial da proposta de Trump, até o momento, a Motion Picture Association não se pronunciou oficialmente. A aplicação de tarifas tão pesadas pode levar a repercussões comerciais e diplomáticas, além de tornar o consumo de filmes estrangeiros mais caro nos EUA — algo que pode prejudicar a diversidade cultural nas telas americanas.

A medida também colide com a realidade do mercado: os filmes norte-americanos continuam a dominar as bilheteiras domésticas, mesmo com o crescimento da produção internacional, como demonstrado pelo sucesso de animações chinesas que, apesar da popularidade no seu país, têm pouco impacto nas salas americanas.

Antes mesmo de assumir o cargo, Trump já sinalizava o desejo de fortalecer a identidade nacional de Hollywood. Em 2025, nomeou atores como Mel Gibson, Jon Voight e Sylvester Stallone como “embaixadores especiais” da indústria, com a missão de restaurar o cinema americano.

Em paralelo, várias cidades dos EUA têm lançado programas locais para atrair produções, como subsídios no Texas ou créditos fiscais na Geórgia e no Novo México. Ainda assim, essas medidas não foram suficientes para manter o país entre os principais destinos mundiais para filmagens — segundo uma pesquisa do Hollywood Reporter, cidades como Toronto, Londres e Budapeste lideram esse ranking.

Conhecido pelo seu histórico agressivo em relação a tarifas comerciais, Trump já havia implementado pesadas taxas sobre produtos da China (145%) e outros países (mínimo de 10%). Agora, ele volta a utilizar esse instrumento para tentar moldar o mercado cultural.

“Se não querem filmar nos Estados Unidos, vamos impor tarifas sobre o que entra aqui”, disse Trump a jornalistas na Casa Branca.

Essa nova ofensiva do presidente reafirma sua postura protecionista e reacende o debate sobre os limites entre economia, cultura e política internacional.

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