O Presidente do Bloco Democrático (BD), Filomeno Vieira Lopes, manifestou profunda indignação face às prisões arbitrárias de jovens manifestantes e à invasão de instituições religiosas e judiciais pela polícia, actos que, segundo ele, revelam o carácter autoritário do actual governo.
By: Germano Candimba
Na tarde de ontem, 27 de Abril, oito jovens foram detidos pela polícia enquanto pretendiam realizar uma manifestação pacífica contra a grave degradação do sistema de ensino. Entre os detidos encontrava-se Joaquim Lutambi, Vice-Presidente do Movimento Estudantil Angolano (MEA) e ex-líder da Juventude Bloquista, que, à altura da sua detenção, encontrava-se dentro da Igreja de São Paulo, num claro desrespeito pelo espaço religioso.
Hoje, 28 de Abril, novos actos de repressão ocorreram: durante uma concentração pacífica no Tribunal para contestar as prisões arbitrárias, outro grupo de jovens, entre eles o activista Osvaldo Caholo, foi detido. Caholo foi preso dentro da sala de julgamento, num episódio chocante em que a polícia invadiu o espaço judicial, violando o princípio da separação de poderes.
Os jovens detidos foram conduzidos à esquadra da Boavista, onde permaneceram até serem libertados nas últimas horas, ainda que com os seus pertences retidos. Até às 13h50, o julgamento não havia começado e os presos foram impedidos de receber alimentos e água, numa demonstração de tratamento desumano.
O Presidente do BD denunciou a postura da polícia, que, segundo ele, actua como uma força político-partidária ao serviço do poder, reprimindo o direito constitucional de manifestação e desrespeitando instituições fundamentais da sociedade. “Erguemos o nosso protesto veemente”, declarou Filomeno Vieira Lopes, frisando que tais acções revelam o perfil ditatorial do governo liderado por João Lourenço.
FVL concluiu alertando que o actual executivo demonstra não ter aprendido com a história, preferindo recorrer ao terror para se manter no poder em vez de se reconciliar com o povo angolano. “O governo dá indícios de que prefere ser banido a ouvir as legítimas reivindicações dos cidadãos”, afirmou.
Vários grupos da sociedade civil mantêm-se nas imediações do tribunal em solidariedade com os jovens manifestantes, embora o acesso à sala de audiência tenha sido completamente interditado.