Na última segunda-feira, um grande apagão paralisou vastas regiões de Portugal e Espanha, afetando desde o funcionamento de empresas até os serviços básicos do dia a dia. A falha generalizada no fornecimento de eletricidade gerou caos nos transportes, nos sistemas de pagamento e nas comunicações, obrigando muitos trabalhadores a abandonarem os seus postos.
Segundo especialistas ouvidos, o impacto imediato foi sentido em diversos setores, especialmente nas atividades que dependem fortemente da conectividade digital. Linhas telefônicas, acesso à internet e pagamentos com cartão ficaram inoperantes em muitas áreas.
Apesar dos boatos iniciais, o Presidente do Conselho da UE, António Costa, descartou a hipótese de um ciberataque como causa da interrupção. A operadora REN afirmou que, em cenários mais pessimistas, o restabelecimento completo da energia poderia levar até uma semana.
Kyle Chapman, analista de mercados do Ballinger Group, afirmou que a economia espanhola, de certa forma, “fechou” durante o dia do apagão. No entanto, ele acredita que, desde que o fornecimento seja restabelecido rapidamente, o impacto macroeconômico deve ser limitado. A preocupação maior, segundo ele, está na infraestrutura e na resiliência do sistema energético, temas que ganham ainda mais relevância diante da crescente aposta em energias renováveis.
Beatriz Barber, engenheira baseada em Madrid, relatou que a sua empresa teve que dispensar os funcionários após uma queda total de energia e internet. Ela descreve um colapso gradual dos sistemas até que o trabalho se tornou impossível.
Esse tipo de paralisação afeta diretamente a produtividade, sobretudo em setores industriais e de engenharia que não contam com sistemas de backup energético eficazes.
O setor de transportes foi um dos primeiros a sentir os efeitos. Comboios foram paralisados e operações em aeroportos enfrentaram sérios atrasos. A distribuição de combustíveis também sofreu interrupções, prejudicando a logística rodoviária em toda a Península.
Indústrias automotivas e de caminhões — como a Ford e a Iveco — suspenderam temporariamente as operações, afetando milhares de trabalhadores. Pequenos fornecedores, que muitas vezes operam sem geradores ou fontes alternativas de energia, também enfrentam desafios significativos.
Curiosamente, os mercados financeiros europeus mostraram resiliência frente ao apagão. O IBEX 35, índice de referência espanhol, fechou em alta de 0,75%. Outros índices europeus, como o EUROSTOXX 600 e o CAC 40 francês, também registraram ganhos no mesmo período.
Embora o apagão tenha gerado um forte impacto imediato, tanto social quanto econômico, analistas indicam que os danos poderão ser controlados caso a recuperação seja rápida. No entanto, o episódio levanta questões sérias sobre a robustez das infraestruturas elétricas e a preparação para eventos semelhantes no futuro — especialmente num contexto de transição energética.