O Governo Provincial de Luanda está a estudar a possibilidade de expulsar o professor, rapper e ativista cívico Diavava Bernardo do sistema de ensino, sob a acusação de criar “instabilidade nas salas de aula” nas instituições onde atua. Conhecido também como Coronel Bernardo, Diavava tem sido alvo de críticas dentro da Direção Provincial da Educação de Luanda devido às suas declarações polêmicas e manifestações públicas.
Formado em Ciências Exatas pelo PUNIV do Cazenga, Bernardo tem se destacado tanto como educador quanto como ativista. Contudo, seu comportamento em algumas escolas tem gerado controvérsias. Seu famoso slogan, “aqui está a cheirar mal”, tornou-se recorrente nas instituições por onde passou, gerando desconforto entre os colegas de profissão e autoridades educacionais.
De acordo com fontes próximas à Delegação Provincial da Educação, Diavava foi acusado de não se apresentar pontualmente na escola “Escola Cheira Cocó”, localizada no município do Mulevo, após receber a Guia de Marcha. Ele chegou sete dias depois da data prevista, o que resultou em uma penalização salarial significativa, reduzindo seu pagamento de 260 mil para 99 mil kwanzas.
Além disso, Diavava Bernardo foi um dos líderes de uma manifestação estudantil em Luanda no ano passado, que exigia mais carteiras escolares. A marcha, que ocorreu sem a devida autorização, resultou na suspensão do professor por tempo indeterminado, com acusações de organização de manifestação não autorizada e danos materiais, como a destruição de carteiras escolares.
A decisão de suspender Diavava Bernardo foi contestada pelo seu advogado, que recorreu da medida imposta pela Direção Provincial da Educação de Luanda, liderada por Philomene Marie Brito Azevedo José Carlos. Francisco Teixeira, presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), também condenou a ação, classificando-a como “um balde de água fria” e denunciando-a como uma forma de perseguição política contra o professor ativista.
Em meio a essa situação, Diavava Bernardo não respondeu às tentativas de contato feitas por telefone, mas uma campanha de solidariedade promovida pelo ativista Izidro Fortunato arrecadou mais de um milhão de kwanzas, valor que foi utilizado para cobrir os descontos salariais aplicados ao professor.
Esse episódio levanta questões sobre a liberdade de expressão e a repressão política no ambiente educacional angolano, especialmente no que diz respeito à atuação de professores e ativistas em favor de causas sociais. O caso de Diavava Bernardo ilustra como figuras públicas que se posicionam contra o sistema podem enfrentar retaliações em sua profissão, o que gera um debate mais amplo sobre os limites entre a política e o exercício do magistério.