Após a queda do governo minoritário da Aliança Democrática, liderado por Luís Montenegro, o futuro político de Portugal entra numa fase de incerteza. O Parlamento rejeitou a moção de confiança, o que resultou na demissão do executivo e deixou o país à beira de novas eleições. Este será o terceiro pleito em apenas três anos, o que levanta questionamentos sobre os rumos políticos do país.
De acordo com a Constituição portuguesa, a rejeição de uma moção de confiança implica a queda do governo, e, como resultado, o executivo de Luís Montenegro entra em modo de gestão, limitando-se apenas a ações necessárias para garantir a continuidade dos negócios públicos.
A responsabilidade agora recai sobre o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que dará os próximos passos no processo político. O chefe de Estado já tem um calendário definido: a dissolução do Parlamento está prevista para sexta-feira, com eleições convocadas para maio e a posse do novo governo em meados de junho. A decisão final dependerá das consultas que o presidente realizará com os líderes partidários, seguidas de uma reunião com o Conselho de Estado.
Embora a dissolução do Parlamento pareça ser a opção mais provável, há alternativas sobre a mesa. O Presidente poderia nomear uma nova personalidade para formar um governo com o atual quadro parlamentar, mas essa solução é vista como improvável, dadas as dificuldades para garantir apoio suficiente para um governo estável. Especialistas em direito constitucional, como Jorge Bacelar Gouveia, acreditam que o caminho mais viável é a convocação de eleições legislativas antecipadas.
A dissolução do Parlamento seria um evento significativo, já que se confirmada, seria a terceira vez que Marcelo Rebelo de Sousa utilizaria esse poder, igualando o recorde do ex-presidente Ramalho Eanes.
Marcelo Rebelo de Sousa já indicou que as eleições podem ocorrer em 11 ou 18 de maio. Após o ato eleitoral, o processo até a posse do novo governo levaria de três a cinco semanas, o que significa que o novo executivo poderia ser empossado em meados de junho, caso o calendário se mantenha.
A Aliança Democrática (composta pelo PSD, CDS-PP e PPM) enfrenta dificuldades em conquistar uma maioria absoluta nas sondagens. Embora o partido de Luís Montenegro tenha esperança de reconquistar votos, especialmente do Chega, que enfrenta escândalos internos, as perspectivas de uma vitória esmagadora são pequenas. As sondagens recentes indicam que a Aliança Democrática perdeu apoio, enquanto o PS e a Iniciativa Liberal ganharam terreno.
Em um estudo recente, a Aliança Democrática caiu de 35,6% para 33,5% nas intenções de voto, enquanto o PS subiu de 27,2% para 28,8%. O Chega, por outro lado, registrou uma queda significativa de 17,4% para 13,5%, mas ainda se mantém como a terceira maior força política do país.
A crise política, exacerbada por alegações envolvendo uma empresa familiar do primeiro-ministro, teve um impacto direto nas intenções de voto. A popularidade de Luís Montenegro também sofreu um revés, com as avaliações negativas subindo de 38% para 46%. Embora outros líderes, como Pedro Nuno Santos (PS) e André Ventura (Chega), também tenham visto um aumento nas avaliações negativas, o cenário político continua em constante mudança.
A situação atual em Portugal é marcada por incertezas políticas, com a população aguardando ansiosamente o desfecho das negociações e a possível convocação de novas eleições. O país parece estar em um ponto de inflexão, com muitas perguntas ainda sem resposta sobre o futuro político e o novo governo que surgirá.