Em um momento crucial para a política da Venezuela, a líder da oposição Maria Corina Machado fez um retorno público marcante ao se juntar aos protestos contra o regime de Nicolás Maduro em Caracas, após meses de clandestinidade. Sua ação foi um dos episódios mais impactantes de uma jornada que visa impedir a posse de Maduro para um novo mandato, marcado por acusações generalizadas de fraude eleitoral.
Na manhã de quinta-feira, 8 de janeiro, quando milhares de venezuelanos se uniam para expressar sua oposição ao governo de Maduro, Maria Corina Machado foi “violentamente interceptada” após deixar a manifestação em Chacao, um bairro de Caracas. De acordo com o Comando Con Venezuela, o grupo de apoio de Machado denunciou que membros das forças leais a Maduro dispararam contra a motocicleta em que ela se deslocava.
A imprensa internacional, incluindo o El País, confirmou que a líder da oposição foi efetivamente detida pelas autoridades. Esse evento marca o ponto alto de uma série de tensões que antecedem a posse de Maduro, agendada para sexta-feira, e que tem sido amplamente contestada pela oposição venezuelana, que considera a eleição como fraudulentas.
Maria Corina Machado, uma ex-deputada e uma das figuras mais proeminentes da oposição venezuelana, havia se mantido fora do foco público durante meses devido a ameaças de prisão. Contudo, ela fez uma aparição ousada para se juntar aos protestos em Caracas, arriscando sua liberdade em uma tentativa desesperada de impedir a tomada de posse de Maduro. Ao lado de outros manifestantes, ela pediu que os venezuelanos se unissem em protestos por todo o país, com o objetivo de forçar Maduro a abandonar o cargo.
A mobilização ocorre um dia antes da cerimônia de posse de Maduro, que assumirá um terceiro mandato de seis anos, apesar das crescentes provas de que perdeu as eleições presidenciais. A oposição, liderada por figuras como Machado, denuncia a farsa que envolve o processo eleitoral e exige uma mudança no poder.
As manifestações de quinta-feira foram marcadas por um clima de medo e repressão. As ruas de Caracas estavam praticamente desertas no início do dia, com escolas e empresas fechadas e um forte contingente policial nas ruas para coibir qualquer tentativa de agitação. A presença de forças de segurança foi notável, e relatos indicaram que dezenas de opositores foram presos, criando um cenário de apreensão nas cidades venezuelanas.
No entanto, mesmo com a repressão, um número significativo de manifestantes apareceu nas ruas, especialmente em áreas onde a oposição tem um forte apoio. Vestidos com as cores da bandeira venezuelana — vermelho, amarelo e azul — e entoando palavras de ordem como “Liberdade!”, muitos manifestantes repudiaram a ideia de que Maduro seria novamente empossado. Para eles, Edmundo González, o diplomata e candidato da oposição, é o legítimo presidente eleito.
Enquanto isso, Edmundo González, que foi escolhido como o candidato suplente pela coalizão de oposição após Machado ser barrada pela justiça controlada por Maduro, também se manifestou. A partir do Palácio Nacional da República Dominicana, González enviou uma mensagem de esperança: “Ver-nos-emos todos muito em breve em Caracas, em liberdade”, afirmou, reforçando seu compromisso em assumir a presidência da Venezuela de forma legítima.
A tensão continua a aumentar conforme a data da posse de Maduro se aproxima. Para os manifestantes e líderes da oposição como Maria Corina Machado e Edmundo González, o país ainda luta por uma mudança que represente a verdadeira vontade do povo venezuelano. A batalha pela democracia na Venezuela segue em um cenário de protestos, prisões e um regime cada vez mais resistente às vozes dissidentes. O futuro político do país permanece incerto, mas as manifestações e a luta pela liberdade continuam a ser a principal forma de resistência à autoridade de Maduro.