Bernardo Castro, um ativista angolano, fez uma denúncia pública grave sobre a gestão do município da Cela, localizado na província do Kwanza-Sul. Em uma carta aberta, Castro destacou a falta de planejamento urbano adequado, a negligência com o patrimônio histórico e cultural e as atitudes autoritárias contra a juventude local.
A cidade de Waku-Kungu, que é a capital municipal da Cela, enfrenta sérios problemas devido à ausência de um Plano Diretor Municipal (PDM), documento essencial para o desenvolvimento ordenado da cidade. Sem o PDM aprovado, o crescimento urbano da região segue de maneira desorganizada, sem as diretrizes necessárias para garantir a preservação do patrimônio cultural e a qualidade de vida dos moradores. Além disso, a cidade também carece de um Plano Urbanístico que organize o território, estabeleça regulamentos e forneça estudos que ajudem a definir o uso adequado dos espaços urbanos e rurais.
Castro apontou que a falta desses planos tem um impacto direto no patrimônio histórico de Waku-Kungu, além de prejudicar a vivência dos cidadãos, que ficam à mercê de decisões tomadas sem consulta ou consideração sobre os efeitos no meio ambiente e na cultura local. A situação é ainda mais alarmante devido à ausência das Comissões Consultivas Provinciais de Ordenamento do Território e Urbanismo, órgãos responsáveis pela participação da população na elaboração de planos urbanos. A falta de transparência das autoridades municipais também foi uma das principais críticas do ativista, que denunciou a dificuldade da população em acessar informações sobre projetos de urbanização e planos territoriais.
O ativista destacou que, apesar da legislação exigir que o ordenamento do território tenha como um de seus princípios a preservação do patrimônio histórico e cultural, a administração local tem adotado práticas urbanísticas que desconsideram esses valores. A modificação de espaços urbanos sem consultar a população tem alterado irreversivelmente a paisagem histórica da cidade.
A denúncia de Castro também abordou o caso de 200 jovens da cidade de Waku-Kungu que, em um movimento pela preservação do patrimônio local, organizaram um abaixo-assinado. Porém, em vez de serem ouvidos, esses jovens passaram a ser alvo de perseguições e intimidações por parte das autoridades municipais. O administrador municipal, segundo o ativista, teve acesso indevido ao documento do abaixo-assinado e utilizou isso para afetar a vida profissional de alguns dos envolvidos, criando um clima de medo e repressão na cidade.
Castro fez um apelo às autoridades provinciais e nacionais para que tomem medidas imediatas para proteger os direitos dos cidadãos e garantir a preservação do patrimônio cultural de Waku-Kungu. Para ele, a situação exige uma resposta urgente, tanto para corrigir as falhas de planejamento urbano quanto para pôr fim às práticas autoritárias que estão intimidando os jovens que buscam defender sua cidade.
Essa carta é uma crítica incisiva à administração pública local e à falta de comprometimento com o bem-estar da população e com a proteção do patrimônio histórico de Waku-Kungu. O ativista espera que sua denúncia receba a devida atenção e que as autoridades competentes ajam para resolver a crise que assola o município da Cela.