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Dezenas de milhares de soldados ucranianos desertam do Exército em meio à guerra

Desde o início da invasão em larga escala da Rússia em 2022, mais de 100.000 soldados ucranianos foram acusados de deserção, de acordo com a procuradoria-geral da Ucrânia. Esse número alarmante está gerando sérias preocupações dentro das forças armadas ucranianas, especialmente considerando o impacto direto na capacidade de combate e nas linhas de defesa do exército. Deserteiros, cansados e desmoralizados pela guerra, estão deixando as linhas de frente, deixando posições vulneráveis e enfraquecendo ainda mais os esforços do país em sua luta contra a Rússia.

A deserção tem sido uma constante preocupação, não apenas entre as forças ucranianas, mas também entre as tropas russas. No entanto, o fato de o exército ucraniano estar enfrentando este fenômeno em larga escala revela problemas profundos que envolvem desde falhas na mobilização até o esgotamento das tropas. Com unidades da linha de frente sendo abandonadas, a pressão sobre as forças ucranianas se intensifica.

A deserção está afetando diretamente a capacidade de a Ucrânia manter o controle sobre os territórios conquistados. Vários relatos de desertores e oficiais indicam que unidades inteiras estão deixando suas posições, deixando o exército ucraniano exposto a ataques inimigos. Para alguns, o exaustivo desgaste psicológico e físico da guerra é o principal motivo de abandono, enquanto outros simplesmente não conseguem mais enxergar uma saída vitoriosa para o conflito.

“Este é o terceiro ano de guerra e o problema só vai aumentar”, alerta Oleksandr Kovalenko, analista militar de Kiev. A campanha de mobilização, que visava aumentar o número de recrutas, falhou em muitas áreas, com a deserção ganhando terreno. Muitos desertores, especialmente os recrutas mais recentes, não conseguem lidar com o peso psicológico do conflito, que inclui os horrores do campo de batalha, a falta de apoio psicológico adequado e a ausência de uma perspectiva de vitória.

O motivo por trás de tantas deserções está profundamente enraizado no estresse psicológico dos soldados. Muitos combatentes, após anos de confrontos incessantes, relatam traumas físicos e emocionais que tornam impossível continuar na luta. Alguns desertores, como Serhii Hnezdilov, revelaram que a falta de apoio emocional e psicológico foi crucial para a decisão de abandonar a linha de frente. Hnezdilov, depois de anos de serviço, disse que o peso da guerra e a falta de esperança no futuro o levaram a desertar, apesar das promessas de desmobilização.

A situação é agravada pela falta de efetivos, especialmente nas linhas de combate. Um legislador afirmou que o exército ucraniano registrou uma perda de 4.000 soldados em setembro, em grande parte devido a mortes, ferimentos e deserções. Este número reflete uma perda considerável de pessoal, afetando diretamente a capacidade de a Ucrânia defender seus territórios e manter a resistência frente aos avanços russos.

O caso de Vuhledar, uma cidade estratégica que a Ucrânia defendeu ferozmente durante dois anos, ilustra os efeitos devastadores da deserção nas linhas de frente. Em outubro, a cidade foi perdida em apenas algumas semanas, em grande parte devido ao colapso das forças ucranianas, com unidades que simplesmente deixaram suas posições. Quando os reforços chegaram, já era tarde demais, pois as linhas de defesa estavam desprotegidas, e as tropas russas avançaram rapidamente.

“Devido à falta de vontade política e à má gestão das tropas, especialmente na infantaria, não estamos a avançar no sentido de defender adequadamente os territórios que controlamos agora”, disse um oficial ucraniano, que preferiu não se identificar. Ele explicou que a escassez de soldados nas unidades levou a uma quebra nas defesas, o que contribuiu para a perda de posições estratégicas.

A deserção tem efeitos devastadores, não apenas na linha de frente, mas também na moral das tropas e na eficácia das operações militares. Embora alguns desertores regressem, muitos não conseguem superar o trauma psicológico da guerra e acabam abandonando a luta permanentemente. Para os comandantes ucranianos, a deserção é um problema cada vez mais difícil de controlar, especialmente em um contexto em que as forças estão sobrecarregadas e a pressão do inimigo é constante.

Apesar dos esforços para fornecer apoio psicológico aos soldados, muitos se sentem abandonados e desiludidos. “O serviço militar tornou-se uma prisão”, diz um desertor, refletindo o sentimento de desesperança entre muitos combatentes ucranianos.

O governo ucraniano tenta lidar com as deserções, mas o processo é complicado. As dificuldades psicológicas enfrentadas pelos soldados são difíceis de mensurar, e a falta de apoio adequado leva muitos a tomar a difícil decisão de deixar a guerra. Enquanto isso, as autoridades tentam contornar a situação sem aumentar ainda mais o número de deserções, um equilíbrio difícil de manter em meio a um conflito tão desgastante.

À medida que a guerra continua, a deserção nas fileiras ucranianas apresenta um desafio crescente para o exército. O governo de Kiev enfrenta dificuldades em mobilizar forças adicionais, e a pressão psicológica sobre os soldados aumenta. Para os comandantes militares e as autoridades ucranianas, a deserção é um problema crítico que, se não for tratado de forma eficaz, pode afetar de maneira irreparável a capacidade de resistência da Ucrânia no longo prazo.

Em um momento crucial da guerra, a falta de soldados e a desmotivação nas tropas tornam-se questões que exigem soluções urgentes e profundas para evitar mais perdas territoriais e garantir a continuidade da defesa do país. A luta pela sobrevivência da Ucrânia continua, mas a guerra, que já se arrasta há mais de três anos, coloca a resiliência das forças armadas ucranianas à prova.