No sábado, 30 de novembro de 2024, a cidade de Alepo, na Síria, foi palco de intensos combates, quando combatentes da oposição síria lançaram uma ofensiva no centro da cidade. A notícia, amplamente divulgada por meios de comunicação, relata que, pela primeira vez desde 2016, as forças leais ao governo de Bashar al-Assad se enfrentaram diretamente com insurgentes dentro de Alepo.
A situação se agravou quando aviões de guerra russos atacaram as linhas de abastecimento rebeldes nas periferias da cidade, segundo os relatos da mídia estatal síria. De acordo com a agência de notícias russa TASS, 200 militantes rebeldes foram mortos em um ataque aéreo russo na sexta-feira, após a ofensiva iniciada no noroeste da cidade. A Rússia, que apoia o regime de Assad desde o início do conflito, tem sido uma das principais responsáveis pelos ataques aéreos devastadores, incluindo os que ocorreram em Alepo em 2016.
Os insurgentes conseguiram romper as linhas de defesa do governo na sexta-feira, entrando no bairro ocidental de Alepo sem grande resistência. Esta ofensiva faz parte de uma série de ataques que os rebeldes iniciaram na quarta-feira, em áreas rurais de Idlib e ao redor de Alepo. Eles conseguiram tomar o controle de várias cidades e aldeias ao longo do caminho, incluindo uma localidade estratégica ao sul de Alepo.
Segundo o jornal pró-governamental Al-Watan, as forças do governo sírio realizaram ataques aéreos visando os reforços rebeldes nas proximidades de Alepo, destruindo veículos e matando pelo menos 20 combatentes. A situação dentro da cidade foi tensa, com relatos de tiroteios e confrontos. Muitos residentes fugiram dos combates, enquanto escolas e repartições públicas foram fechadas no sábado, com grande parte da população permanecendo em casa. No entanto, as padarias continuaram abertas para atender às necessidades básicas da população.
Nas redes sociais, imagens e vídeos dos rebeldes foram compartilhados, mostrando combatentes fora da cidadela de Alepo, um palácio medieval e um dos maiores marcos históricos da cidade. Os rebeldes eram vistos interagindo com os moradores locais, tentando assegurar-lhes que não causariam danos, apesar da violência em andamento.
De acordo com os meios de comunicação estatais sírios, alguns “terroristas”, incluindo células adormecidas, conseguiram se infiltrar em áreas da cidade, mas as tropas do governo rapidamente os perseguiram e capturaram. Em um programa de televisão estatal, comentaristas afirmaram que os reforços do exército sírio, juntamente com o apoio russo, seriam suficientes para repelir os “grupos terroristas”, acusando a Turquia de apoiar os rebeldes nas províncias de Alepo e Idlib.
Alepo não via confrontos diretos entre o governo e os rebeldes desde que as forças do regime sírio, com apoio russo e iraniano, expulsaram os combatentes da oposição dos bairros orientais da cidade em 2016, após uma dura campanha militar. O recente ataque à cidade ocorre após semanas de violência intermitente, com as tropas do governo sírio atacando áreas sob controle rebelde. A Turquia, que tem apoiado a oposição síria, não conseguiu impedir os ataques do governo, que muitos consideram uma violação de um acordo de cessar-fogo firmado em 2019.
Além disso, a ofensiva acontece em um momento em que grupos aliados ao Irão, como o Hezbollah, estão enfrentando conflitos internos, especialmente após o início do cessar-fogo na guerra entre o Hezbollah e Israel. Israel também intensificou seus ataques contra alvos iranianos na Síria nos últimos meses.
A batalha de 2016 por Alepo foi um ponto de virada na guerra civil síria, que começou como uma série de protestos contra o regime de Bashar al-Assad em 2011 e rapidamente se transformou em um conflito armado de proporções devastadoras. Com o apoio de Rússia e Irão, o governo sírio recuperou o controle da cidade após um cerco prolongado e uma campanha militar que resultou em milhares de mortes e uma cidade devastada. Hoje, a situação continua a ser marcada pela luta entre o regime e os grupos rebeldes, com a guerra síria, agora em seu 14º ano, sem sinais claros de um fim próximo.
A atual ofensiva dos rebeldes em Alepo e as tensões regionais indicam que o conflito na Síria permanece altamente complexo e volátil, com muitas partes envolvidas e interesses divergentes, tornando difícil prever o futuro da cidade e da guerra em geral.