O Tribunal de Comarca de Belas, no Benfica, em Luanda, começou a julgar, esta semana, o principal suspeito do assassinato de cinco crianças, cujos corpos foram encontrados com os pescoços cortados, em Maio de 2023, no bairro “Sonho da casa própria”, na urbanização do Jardim do Éden, no distrito urbano do Camama, em Talatona.
Fonte: NJ
Daniel Leonel Torres Landa, o suspeito, foi detido no dia 18 Maio do ano passado, e, durante o interrogatório a que foi submetido, assumiu a autoria dos crimes de que é acusado.
O Ministério Público (MP) entende, agora, que os argumentos que o arguido apresenta são manobras delatórias para tentar fugir da responsabilidade criminal.
A acusação conta que dois jovens, declarantes do processo, que foram atacados e feridos pelo acusado e escaparam com vida, reconheceram, tanto em retrato falado, como presencialmente, o arguido, como sendo “o autor dos crimes hediondos”.
O arguido vivia há seis meses na condição de seminarista e era aspirante ao curso de padre na Igreja Católica.
Segundo os autos, o assassino atacava as vítimas trajado de casaco, capuchinho, máscara (como as dos filmes de Hollywood) e empunhava uma faca.
Conforme a acusação, os cadáveres eram abandonados em terrenos baldios e encontrados sem garganta.
Em tribunal, o jovem de 23 anos, que foi apelidado de “degolador de pescoço”, negou ser ele o assassino das vítimas e afirmou que só assumiu a culpa por ordem do Serviço de Investigação Criminal (SIC), que o ameaçou de morte.
A acusação descreve que o arguido foi submetido ao exame de psiquiatria forense que detectou que o jovem apresenta transtorno de personalidade antissocial.
O transtorno de personalidade antissocial é um transtorno de personalidade caracterizado pelo comportamento impulsivo do indivíduo afectado, desprezo por normas sociais e indiferença ou desrespeito pelos direitos e pelos sentimentos dos outros.
Semanas antes da detenção do suspeito, deslocou-se ao local e testemunhou o medo que os moradores viviam em função do terror que estas mortes causaram.
Segundo os habitantes, o bairro vivia “uma situação estranha e arrepiante”, porque menores eram encontrados mortos e sem a garganta.
A audiência de discussão e julgamento deste caso prossegue na próxima semana no Tribunal de Comarca de Belas, também conhecido como tribunal do Benfica, com audição das testemunhas.