Eu, particularmente, gosto dele, já o elogiei num texto de apoio à FPU, durante a campanha eleitoral. Aparentava ser alguém com quem se poderia contar em todos os momentos: nos altos e baixos. Mas parece que não é bem assim. Num momento em que, provavelmente, se poderia precisar mais dele, simplesmente bateu com a porta na cara de quem tinha muita consideração e respeito por ele e pelo histórico de seus familiares – que se bateram para a independência nacional.
Essa atitude do empresário Viana baralhou muito boa gente. Eu ainda não consegui digerir isto. Nunca imaginei que ele fosse capaz de colocar em primeiro lugar os seus interesses e romper com os compromissos ou cortar descaradamente com o povo que o elegeu. Não é este Viana que vi em Viana, cheio de coragem e comprometido com a causa justa. Mas parece que, afinal, o verdadeiro é mesmo o tal que se dizia: interesseiro e oportunista. A sua nova postura não abona em nada o bom nome de sua família. Oxalá esteja enganado! E se estiver, ficarei muito satisfeito.
Nestas alturas, recomenda-se prudência aos actores políticos. Todo o passo em falso será passível de más interpretações. São essas coisas que fazem com que boa parte dos angolanos fique desiludida de políticos interesseiros, que não dizem claramente o que realmente pretendem nem sabem exactamente o que defendem. Mudam de opinião em função da ocasião e fazem da UNITA apenas uma via para alcançar a fama e chamar a atenção aos aliciadores corruptos. Pelo menos, é essa conclusão a que se chega depois de se fazer uma retrospectiva dos episódios semelhantes que vão acontecendo a cada eleição.
Se eu fosse o empresário Viana colocaria o meu mandato à disposição e me dedicaria à actividade empresarial para contribuir na criação de mais postos de trabalho, para além dos que já ofereço.
Luanda, 22 de Março de 2024.
Gerson Prata