O ex-presidente do Botswana, Ian Seretse Khama, foi impedido de entrar em Angola no dia 13 de março de 2025, no Aeroporto de Luanda, e enfrentou condições severas durante a detenção. Após ser finalmente libertado pelas autoridades locais, Khama compartilhou com representantes parlamentares angolanos os maus-tratos que sofreu. Ele revelou que passou cerca de oito horas detido, sem acesso a comida ou qualquer tipo de assistência, o que evidenciou o tratamento inadequado que enfrentou. O ex-presidente também informou que havia comunicado previamente sua viagem ao Ministério das Relações Exteriores do Botswana, na esperança de que as autoridades angolanas fossem notificadas.
Em um ato de protesto, Khama anunciou que retornará ao Botswana no dia 14 de março, desistindo de sua participação na conferência internacional organizada pela IDC, que aconteceria em Benguela. A mesma decisão foi tomada pelo ex-presidente colombiano Andrés Pastrana Arango, que também enfrentou situações semelhantes ao tentar entrar no país. Além disso, o ex-candidato presidencial de Moçambique, Venâncio Mondlane, e o vice-presidente do Senado do Quênia, Edwin Sifuna, foram deportados.
A conferência da IDC, que reuniria líderes políticos, ex-presidentes, ativistas e especialistas de diferentes partes do mundo, tinha como objetivo fomentar o debate sobre os desafios democráticos e incentivar a cooperação internacional. Entre os temas abordados, estavam as formas de combater o avanço de regimes autocráticos, com a intenção de promover soluções inovadoras e alianças estratégicas.
Até o momento, as autoridades angolanas não se pronunciaram oficialmente sobre os incidentes. No entanto, um panfleto divulgado pelo Gabinete de Ação Psicológica da Presidência da República atribui a responsabilidade do ocorrido à UNITA. O documento alega que o partido cometeu um “erro gravíssimo” ao convidar figuras diplomáticas para comemorações do seu 59º aniversário sem a autorização do Executivo. A mensagem criticou duramente o partido, destacando que suas ações desrespeitaram a hierarquia do Estado e comprometeram a segurança nacional.
Em resposta aos eventos, o Bloco Democrático manifestou seu repúdio à ação dos Serviços de Migração e Estrangeiros, acusando a decisão de barrar várias personalidades africanas e internacionais de ser uma medida tomada por “ordens superiores”.