Yaoundé — As eleições presidenciais realizadas neste domingo (12) nos Camarões estão a ser marcadas por fortes denúncias de irregularidades e suspeitas de fraude. A votação, que deverá prolongar o mandato de Paul Biya — o presidente mais velho do mundo, com 92 anos e há 43 no poder —, decorreu sob um clima de tensão e desconfiança.
Mais de oito milhões de eleitores foram chamados às urnas, numa eleição acompanhada por cerca de 55 mil observadores nacionais e internacionais. Segundo Désiré Ngarti, observador proveniente do Chade, o processo eleitoral “decorreu de forma ordenada e dentro das normas previstas”, com as mesas de voto a abrirem a tempo e os materiais devidamente disponíveis.
Contudo, a oposição apresentou uma versão bastante diferente. Joshua Osih, um dos 11 candidatos à presidência, denunciou “centenas de casos de fraude eleitoral em todo o país”, classificando o processo como “uma vergonha”. “Quando alguém precisa recorrer à batota, significa que sabe que o seu candidato não tem o apoio do povo”, afirmou Osih.
Entre os eleitores, as críticas também se multiplicam. Marie Flore Mboussi, apoiante do opositor Issa Tchiroma Bakary, manifestou desconfiança em relação às instituições que supervisionam o pleito. “Se Paul Biya vencer, será porque o Conselho Constitucional, comprometido com a sua causa, o declarará vencedor. A Comissão Eleitoral também está repleta de membros ligados ao partido no poder”, lamentou.
Apesar das queixas, a contagem dos votos segue em curso, e o Conselho Constitucional tem até 26 de outubro para divulgar os resultados oficiais. Muitos cidadãos, sobretudo os mais jovens, expressaram frustração e ceticismo. “Espero que o próximo presidente leve em conta as preocupações dos camaroneses e promova uma verdadeira reconciliação”, disse o eleitor Mathieu, destacando o desejo de mudança de uma população majoritariamente jovem.
O professor reformado Clément Njinkue, de 65 anos, apelou à juventude para que defenda a integridade do voto: “Peço aos meus filhos que não deixem a fraude vencer. É preciso defender esta eleição.”
Apesar do apelo à calma feito por Paul Biya antes do pleito, a desconfiança generalizada sugere que os próximos dias poderão ser decisivos para o futuro político dos Camarões.
Fonte: DW, AFP e Reuters

