Início » Repressão em Bissau: Ativistas detidos, um hospitalizado e silêncio das Autoridades

Repressão em Bissau: Ativistas detidos, um hospitalizado e silêncio das Autoridades

by REDAÇÃO

Mais uma tentativa de protesto na Guiné-Bissau terminou com repressão policial e detenção de ativistas da sociedade civil. O episódio, que ocorreu no último domingo, teve como alvo os membros da Frente Popular (FP) e do Movimento Revolucionário Pô di Terra, que pretendiam manifestar-se contra o regime liderado por Umaro Sissoco Embaló.

Segundo Vigário Luís Balanta, secretário-geral do Movimento Revolucionário, o protesto estava agendado para o início da manhã, mas foi impedido pelas forças de segurança antes mesmo de começar. “Antes das 7h, a cidade de Bissau já estava tomada por forças policiais, principalmente na Zona de QG e principais artérias da capital”, contou Balanta à DW. A forte presença policial impediu que os manifestantes se reunissem, obrigando os organizadores a reconsiderarem a realização do ato.

Na tentativa de alterar o percurso da manifestação, alguns ativistas foram imediatamente identificados e detidos pela polícia. Quatro líderes dos movimentos acabaram presos: Armando Costa, também conhecido como “Etandro”, Suelina Pina, Dayama e Jonathan Nanque. Um deles, Armando Costa, encontra-se hospitalizado devido ao agravamento do seu estado de saúde durante a detenção.

A situação levantou fortes críticas por parte da Liga Guineense dos Direitos Humanos, cujo presidente, Bubacar Turé, denunciou as condições da detenção e responsabilizou diretamente o Ministério do Interior pela integridade física dos detidos. “Tendo em conta o histórico de maus-tratos por parte do Ministério, exigimos a libertação imediata dos ativistas e responsabilizamos as autoridades por quaisquer danos à saúde e à vida desses cidadãos”, declarou Turé.

Desde janeiro de 2024, está em vigor na Guiné-Bissau um despacho que proíbe qualquer tipo de manifestação pública, um fator que tem sido usado sistematicamente para limitar o direito à livre expressão e reunião. Turé reconhece que os apelos e denúncias feitas pela Liga têm tido pouco impacto, já que os direitos humanos parecem ter sido relegados a segundo plano no atual contexto político do país.

Além disso, os ativistas continuam detidos sem acesso a visitas, segundo Balanta. “As famílias ainda não sabem o estado real dos seus parentes. Há indícios de tortura, e já solicitamos apoio jurídico à Liga para tentar viabilizar o acesso de advogados, visto que os familiares estão sendo impedidos de vê-los.”

Até o momento, as autoridades policiais não prestaram esclarecimentos sobre as detenções ou o estado de saúde dos ativistas. A repressão crescente às vozes dissidentes na Guiné-Bissau reacende o debate sobre o respeito aos direitos fundamentais e a necessidade de garantias democráticas mínimas no país.

related posts

Leave a Comment

Saudações! Estamos ao seu dispor, como podemos ajudar?

🟢 Online | Privacy policy