Nesta semana, os holofotes voltam-se mais uma vez para o Tribunal Supremo de Angola, onde se desenrola o que muitos já apelidam de *“Processo do Século”*. No centro deste julgamento histórico estão duas figuras de peso da elite militar angolana: os generais Manuel Hélder Vieira Dias Júnior, popularmente conhecido como *Kopelipa*, e Leopoldino Fragoso do Nascimento, o influente *Dino*.
Ambos enfrentam acusações sérias que vão desde peculato e falsificação de documentos até associação criminosa, branqueamento de capitais e tráfico de influência. Trata-se de um processo denso, com mais de 2.000 páginas de provas, 38 testemunhas e uma expectativa crescente por parte da sociedade angolana, que observa atentamente os desdobramentos.
A sessão é liderada pela juíza conselheira Anabela Valente, acompanhada pelos conselheiros Raúl Rodrigues e Inácio Paixão. Contudo, a própria magistrada vem enfrentando críticas e suspeitas. Recentemente, foi envolvida em um caso delicado, acusada de se apropriar de bens pertencentes a uma família em processo de inventário. Segundo relatos, ela teria alegado a ausência de herdeiros legitimamente reconhecidos para justificar a administração temporária dos bens — uma postura vista por muitos como um uso abusivo de sua autoridade.
Além dos generais, o processo inclui outros nomes relevantes, como o empresário Fernando dos Santos, o investidor Yiu Haiming e corporações de peso como China International Fund (CIF), Plansmart International Limited e Utter Right International Limited. Todos são apontados como participantes de esquemas que drenaram recursos públicos em larga escala.
Marcado inicialmente para dezembro de 2024, o julgamento foi postergado para março de 2025. A justificativa oficial foi a complexidade do caso, mas fontes de bastidores sugerem que o adiamento serviu para dar tempo a ajustes estratégicos nas defesas e esfriar os ânimos dentro do próprio sistema de poder.
O clima nas ruas de Luanda é de desconfiança. A população, já acostumada a promessas de combate à corrupção, questiona se este julgamento representará um verdadeiro ponto de virada ou se será apenas mais um capítulo da longa e frustrante novela política angolana.
O país vive um momento de tensão e esperança. Resta saber se o sistema judicial angolano está pronto para enfrentar os verdadeiramente poderosos ou se veremos mais uma encenação cuidadosamente roteirizada para manter o status quo.