Luanda vive um marco que revela muito sobre o cenário da comunicação social em Angola: desde 15 de novembro de 2019, o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, não é entrevistado nem citado diretamente pela imprensa pública nacional. São mais de 1.990 dias — ou seja, mais de cinco anos — sem qualquer espaço para se expressar através dos canais estatais de informação.
Durante todo esse período, o líder da maior força política da oposição não teve oportunidade de responder a perguntas de jornalistas ligados à comunicação social estatal, tampouco foi convidado a exercer o direito ao contraditório em temas de relevância nacional.
Esse bloqueio tem gerado preocupação entre membros da sociedade civil e analistas independentes, que veem na situação um reflexo da falta de pluralismo mediático no país. Segundo um observador político, “não se trata apenas de uma estatística, mas de um sintoma de um sistema que evita o confronto de ideias, marginaliza vozes críticas e impede uma parte significativa da população de se sentir representada nos meios públicos”.
Em democracias consolidadas, a mídia estatal é sustentada por recursos públicos, mas deve servir ao interesse coletivo — e não exclusivamente ao governo. Em Angola, porém, o padrão de exclusão imposto a figuras da oposição tem levantado sérias dúvidas quanto à neutralidade editorial e à verdadeira função da imprensa pública.
O prolongado silêncio imposto a Adalberto Costa Júnior reforça a necessidade urgente de reformas no setor da comunicação social. Para muitos, este é mais do que um caso isolado — é um indicativo preocupante sobre a liberdade de expressão e a qualidade da democracia no país.