Cesaltina Kulanda, presidente da Liga da Mulher Angolana (LIMA), braço feminino da UNITA, fez duras críticas ao governo angolano, afirmando que o país tem sofrido, ao longo de 50 anos, com a dilapidação do erário público, um sistema de corrupção institucionalizado que, segundo ela, beneficia apenas as elites do MPLA. Em uma entrevista exclusiva ao Club-K, realizada em Cabinda, à margem das XII Jornadas Parlamentares, a líder da LIMA destacou a gravidade da situação em Angola, onde a pobreza extrema e a má distribuição de riquezas têm afetado as comunidades, especialmente as mulheres.
Para Cesaltina Kulanda, a corrupção em Angola começa no topo do governo e se estende até as menores unidades econômicas, onde, segundo ela, os dirigentes devem ser, obrigatoriamente, membros do MPLA. A presidente da LIMA apontou que o sistema criado pelo partido no poder beneficia exclusivamente as elites governamentais, enquanto a maioria da população permanece em condições de extrema pobreza. “Este sistema de delapidação do erário, montado pelo partido no poder há 50 anos, tem beneficiado somente as elites governamentais”, afirmou Kulanda, ressaltando que o dinheiro destinado ao desenvolvimento social de regiões ricas em recursos, como Cabinda, é desviado para paraísos fiscais ao redor do mundo.
A presidente da LIMA observou que, embora Cabinda seja uma província rica em recursos naturais, como o petróleo, a realidade social da população é uma das mais severas do país. “A pobreza extrema que se verifica no seio da maioria da população de Cabinda nada tem a ver com as riquezas naturais desta região”, afirmou. Ela criticou a falta de investimentos que realmente beneficiem a população local, que continua a viver em condições de extrema precariedade. Além disso, alertou para o fato de que o governo angolano tem estruturado um sistema de lavagem de dinheiro proveniente das indústrias petrolíferas, com o intuito de beneficiar apenas aqueles ligados ao poder central.
Na mesma linha, Cesaltina Kulanda destacou a difícil situação das mulheres em Cabinda, especialmente aquelas que, sem acesso ao mercado de trabalho formal, dependem do comércio informal para sustentar suas famílias. Para muitas mulheres cabindenses, o mercado paralelo tem sido a única fonte de renda, o que coloca as famílias em uma situação de extrema vulnerabilidade. “As mulheres são as que mais sofrem, vivendo com menos de dois dólares por dia”, disse Kulanda, ressaltando que a situação das famílias cabindenses continua a se agravar, com a depreciação constante do valor da moeda nacional, o kwanza.
Cesaltina Kulanda também alertou para a importância de preparar as mulheres de Cabinda e de todo o país para a participação massiva nas eleições de 2027, destacando que a única saída para a mudança é garantir a alternância do poder político de forma inclusiva e plural. Ela criticou a falta de uma política de redistribuição equitativa das riquezas por parte do governo do MPLA, o que tem mantido a população em um ciclo contínuo de pobreza e desespero. “O único culpado pela degradação da situação social em Angola é exclusivamente o governo do MPLA”, afirmou.
Por fim, a líder da LIMA fez um apelo a todas as mulheres angolanas, incentivando-as a se unirem e lutarem por um futuro melhor para as próximas gerações. Para Cesaltina Kulanda, é fundamental que as mulheres se empoderem e participem ativamente do processo político, contribuindo para uma mudança efetiva na estrutura de governança do país. Ela acredita que a alternância de poder, por meio de uma eleição justa e democrática, é o único caminho para melhorar a vida da população e garantir que as riquezas de Angola sejam utilizadas para o bem de todos.
Este discurso de Cesaltina Kulanda reflete a insatisfação crescente com o governo do MPLA, especialmente em uma província como Cabinda, onde as promessas de desenvolvimento e prosperidade parecem não ter chegado à grande maioria da população. Em um cenário de crescente mobilização política, a Liga da Mulher Angolana está se posicionando como uma força crítica importante para a transformação de Angola.