Presidente da UNITA aponta Governo como responsável pelo agravamento das condições sociais em Angola

Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA, principal partido da oposição em Angola, responsabilizou o Governo pelo agravamento das condições sociais no país, destacando a crescente precariedade e a ausência de serviços sociais básicos que afetam a população. Em uma entrevista à Voz da América, realizada em Malanje, Costa Júnior criticou o uso de milhões de kwanzas para as celebrações do 50º aniversário da Independência Nacional, enquanto as necessidades básicas da população permanecem negligenciadas.

“Não têm água canalizada, não têm energia elétrica em casa, e, se tiverem hospital, este hospital não tem medicamentos. Os governadores dizem que não têm orçamento para os hospitais desde julho de 2024, isso é inacreditável”, afirmou o líder da UNITA, destacando a falência dos serviços essenciais em várias partes do país.

Costa Júnior questionou como o Governo pode garantir a qualidade de vida da população em um cenário onde as condições de saúde são precárias, os hospitais carecem de recursos e a assistência básica está cada vez mais distante de grande parte da população. “Como é que se pode garantir a vida, o bem mais raro que nós temos, com hospitais sem condições e sem orçamento?”, indagou.

O líder da UNITA também abordou questões de direitos humanos, mencionando as frequentes violações em áreas diamantíferas das províncias das Lundas Norte e Sul. De acordo com Costa Júnior, assassinatos de civis e a morosidade nas investigações estão entre os maiores problemas enfrentados pelas populações dessas regiões. “Muitos assassinatos, incluindo de mulheres nas lavras, por disputas de terras e recursos. As investigações não avançam com a urgência que a situação exige”, apontou.

Em relação aos assassinatos ocorridos em áreas como o garimpo e na produção diamantífera, Costa Júnior criticou a falta de responsabilização dos responsáveis. Ele também ressaltou que o Governo não tem demonstrado interesse em resolver essas questões de forma eficaz.

Além disso, o presidente da UNITA fez uma dura crítica ao Governo pelo não cumprimento dos acordos do Protocolo de Paz de Lusaka, especialmente no que diz respeito à devolução do património da UNITA, que ainda permanece sob a posse do MPLA. “O MPLA ocupou o património da UNITA — casas, prédios, terrenos — e João Lourenço parece acreditar que esses acordos não são para serem cumpridos”, afirmou Costa Júnior.

A Voz da América tentou obter uma resposta do Comité Provincial do MPLA em Malanje, mas, apesar das tentativas de contato, não houve retorno do secretário para Informação e Propaganda.

Costa Júnior concluiu afirmando que a responsabilidade pelo agravamento das condições de vida em Angola recai diretamente sobre o Governo, que, segundo ele, tem falhado em atender as necessidades mais básicas da população, enquanto investe em eventos festivos e celebrações de datas simbólicas.