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MPLA: Enfrentando a crise dos Partidos Libertadores da Região

O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido que tem dominado a política angolana desde a independência do país em 1975, comemorou recentemente seus 68 anos de existência, em 10 de dezembro. No entanto, essa celebração ocorre em um cenário de crescente contestação social, particularmente em razão do aumento do custo de vida e da insatisfação popular com a situação econômica do país.

A contestação contra o MPLA em Angola tem ganhado força, mas, segundo o jornalista angolano Ilídio Manuel, é difícil quantificar exatamente o nível de insatisfação popular, uma vez que os resultados das eleições nem sempre refletem a verdadeira vontade do povo. Para ele, a ausência de uma “verdade eleitoral” é um dos fatores que dificultam a avaliação precisa do descontentamento da população.

Esse cenário de descontentamento em Angola parece espelhar o que tem ocorrido em outros países da região. Em Moçambique, por exemplo, protestos tomaram as ruas após a divulgação dos resultados das eleições gerais de outubro, gerando inquietação sobre a autenticidade do processo eleitoral.

Uma das grandes questões que se colocam é se o MPLA será capaz de resistir à crise que tem afetado os partidos liberadores da África Austral, os quais, durante décadas, exerceram uma forte influência sobre as políticas e sociedades regionais. Ilídio Manuel adverte que o MPLA precisa “ler os sinais dos tempos” e aprender com os exemplos de outros países.

Ele lembra o caso do Partido Revolucionário Institucional (PRI) do México, que governou o país por 70 anos antes de perder o poder e nunca mais se recuperar. Algo semelhante aconteceu em Botswana, onde o Partido Democrático de Botswana, que governou por quase 60 anos, foi derrotado pela Coligação Mudança para Democracia, de Duma Boko, em 2023.

Apesar dessas crises regionais, o MPLA, com quase 50 anos de governação, não parece temer a onda de mudança que vem varrendo a região. De acordo com Nkinkinamo Tussmba, especialista em política angolana, o MPLA tem se concentrado em continuar com seu trabalho, e a oposição é quem deve buscar mudar o cenário político.

Tussmba acredita que, embora o MPLA não tenha “nada a temer”, não se pode ignorar a possibilidade de mudanças significativas caso o partido se acomode no poder. Ele reconhece que a onda de insatisfação na África Austral poderia chegar a Angola, mas enfatiza que o partido no poder precisa manter-se atento aos sinais de insatisfação popular.

Por fim, o especialista reforça que a oposição tem um papel fundamental em moldar o futuro político de Angola, sugerindo que ela deve trabalhar mais para mudar o paradigma atual. De acordo com Tussmba, o MPLA “não está distraído” com os desafios, mas a oposição precisa ser mais proativa para provocar uma mudança no cenário político angolano.

O MPLA pode não temer, por ora, os ventos de mudança que assombram a região da África Austral, mas a crescente insatisfação social em Angola e a dinâmica de transformações políticas em países vizinhos indicam que o cenário pode mudar rapidamente. O futuro político de Angola depende, em grande parte, da capacidade do MPLA de se adaptar às novas realidades e da atuação da oposição em buscar alternativas que atendam às necessidades da população. O tempo dirá se o partido será capaz de resistir à pressão popular e às mudanças que vêm se desenhando na região.