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O que esperar da segunda presidência de Ursula von der Leyen: desafios e expectativas

UE – A partir de 1 de dezembro, Ursula von der Leyen inicia o seu segundo mandato como Presidente da Comissão Europeia, num contexto repleto de desafios políticos e econômicos. Com a guerra na Ucrânia, a saúde fragilizada da economia europeia e a possível volta de Donald Trump à Casa Branca, o novo mandato promete ser tão complexo quanto o primeiro, que foi marcado por crises sem precedentes. Neste cenário, a Comissão Europeia precisará de uma liderança forte e decisiva, e Ursula von der Leyen terá um papel crucial em navegar essas turbulências.

O início do novo mandato de von der Leyen coincide com um momento crítico na guerra entre a Rússia e a Ucrânia. As tropas russas continuam a ganhar território e novos desafios surgem, como a entrada de soldados norte-coreanos no conflito e a persistente ajuda militar de países como a China à Rússia. Em resposta, a Presidente da Comissão Europeia tem reforçado seu compromisso com a Ucrânia, prometendo apoio contínuo, seja através de assistência humanitária, financeira ou militar.

No entanto, o desafio será garantir que esse apoio se mantenha robusto, mesmo diante da possibilidade de um retorno de Donald Trump à presidência dos EUA, que poderia enfraquecer o apoio transatlântico à Ucrânia. Além disso, Ursula terá que lidar com a complexidade das sanções contra Moscovo, além de procurar soluções para uma Ucrânia pós-guerra, onde o processo de adesão à União Europeia e a reconstrução do país serão prioridades.

Outro aspecto que marcará a segunda presidência de Ursula von der Leyen será a relação com os Estados Unidos, especialmente se Donald Trump voltar ao poder. A política comercial de Trump, que inclui ameaças de tarifas altas sobre produtos estrangeiros, representa uma preocupação para a União Europeia, dado que os EUA são um dos principais parceiros comerciais do bloco. O impacto de tarifas em um momento de fragilidade econômica da UE poderia ser devastador, levando a Comissão Europeia a buscar soluções alternativas para proteger os interesses econômicos do bloco.

Além disso, a relação com a China também estará no centro das atenções. As tensões comerciais com Pequim continuam a crescer, especialmente após a imposição de tarifas sobre veículos elétricos chineses pela UE. A Comissão Europeia, sob a liderança de von der Leyen, terá que equilibrar os interesses comerciais com os Estados Unidos e a China, adotando uma postura defensiva e procurando medidas para proteger a economia da União.

Em seu primeiro mandato, Ursula von der Leyen impulsionou o Pacto Ecológico Europeu, uma das iniciativas mais ambiciosas da Comissão Europeia, com o objetivo de alcançar a neutralidade climática até 2050. No entanto, o impacto econômico de algumas dessas políticas, como os protestos dos agricultores e a resistência da direita, forçou uma adaptação nas diretrizes para o segundo mandato. Em vez de focar apenas no Acordo Verde, von der Leyen enfatizará um “Acordo Industrial Limpo”, que inclui reformas para incentivar a competitividade e promover um crescimento sustentável.

Além disso, a indústria automotiva europeia, em crise devido à transformação para tecnologias mais verdes, será um ponto de discussão importante. Von der Leyen buscará um “diálogo estratégico” para enfrentar as dificuldades do setor e proteger empregos, enquanto tenta manter o impulso das políticas ambientais.

A questão da migração, que já foi uma área sensível durante seu primeiro mandato, promete ser ainda mais polêmica no segundo. A reforma do sistema de asilo europeu, concluída em 2023, não trouxe a paz esperada, e novos planos para combater a migração irregular começam a ganhar força, incluindo ideias de externalização do processo de asilo para países terceiros. Embora Ursula von der Leyen tenha sugerido explorar essa opção, ela foi amplamente criticada por organizações de direitos humanos, que alertam para os riscos de violação dos direitos dos migrantes.

Esses planos para campos de detenção fora da União Europeia e novas políticas de deportação serão um dos testes mais difíceis de sua presidência, exigindo um equilíbrio entre segurança e direitos humanos, algo que poderá criar divisões significativas dentro da própria União Europeia.

Além desses grandes desafios, Ursula von der Leyen terá que lidar com a difícil questão do orçamento da União Europeia. A reconstrução da Ucrânia, a transição energética e a competitividade industrial exigem grandes investimentos, mas a questão de onde esse dinheiro virá permanece em aberto. O orçamento de longo prazo da UE para 2028-2034 terá que equilibrar as prioridades de diferentes países membros, respeitar os compromissos com o clima e ainda considerar os imprevistos globais, como crises humanitárias e desastres naturais.

A discussão sobre a possibilidade de endividamento conjunto, como foi feito para o fundo de recuperação da COVID-19, também deverá ser reaberta, o que poderá causar divisões entre os países mais frugais, como Alemanha e Países Baixos, e aqueles que defendem uma maior solidariedade fiscal no enfrentamento de desafios como a guerra na Ucrânia e a crise climática.

A segunda presidência de Ursula von der Leyen será marcada por decisões difíceis e um cenário geopolítico instável. Ela terá que enfrentar uma guerra prolongada, tensões comerciais globais, transformações econômicas e políticas internas desafiadoras. Se for bem-sucedida, sua liderança poderá solidificar a posição da União Europeia como uma potência global resiliente, capaz de lidar com múltiplas crises simultaneamente, enquanto tenta avançar com as suas ambiciosas reformas econômicas e ambientais.

A história dirá se Ursula von der Leyen conseguirá equilibrar as necessidades urgentes com a visão de longo prazo, mas, uma coisa é certa: o seu segundo mandato será crucial para o futuro da Europa.