Lisboa – Na manhã desta terça-feira, junto ao Campus de Justiça em Lisboa, o cenário foi marcado por um protesto incomum. Um carro funerário, com uma faixa onde se lia “Mataram as nossas poupanças, agora é hora de justiça”, foi levado por representantes dos lesados do BES. Este ato simbolizou o desespero e a frustração de quem, após anos de espera, ainda não viu suas economias restituídas. O protesto ocorreu no mesmo dia em que começou o julgamento do caso, tendo como principal arguido o ex-banqueiro Ricardo Salgado.
O grupo, composto por 16 pessoas vestidas de preto e com rostos cobertos, estampou nas suas camisolas os nomes de vítimas que morreram sem ver o problema resolvido. Estima-se que mais de 100 lesados do BES já faleceram desde o colapso do banco, deixando para trás uma luta por justiça que continua. A imagem do carro funerário, com uma foto de Ricardo Salgado, serviu como um poderoso lembrete das vidas devastadas pelas consequências do escândalo financeiro.
À medida que os protestos avançavam, a tensão era palpável. Um dos representantes dos lesados dirigiu-se diretamente a Salgado, exigindo respostas. “O senhor deixou verbas no banco para nos ressarcir. Onde está a provisão do Novo Banco? Eu exijo a provisão que é dos lesados”, disse, visivelmente exaltado. Apesar da pressão, o ex-banqueiro permaneceu impassível, não reagindo às acusações.
O caso BES é um dos maiores escândalos financeiros da história recente de Portugal, e o julgamento que agora se inicia tem Ricardo Salgado no centro das atenções. Durante anos, os lesados lutaram para recuperar as poupanças que desapareceram com o colapso do banco, mas a justiça tem sido lenta. O protesto realizado nesta terça-feira é mais uma manifestação do desespero de quem vê as suas economias comprometidas e as promessas de resolução ainda distantes.
Os manifestantes, que se reuniram em frente ao tribunal desde as 8h30 da manhã, expressaram sua indignação com tarjas e cartazes, deixando clara a mensagem: querem justiça, e querem-na já. À medida que o julgamento avança, permanece a questão de quando – e se – os lesados do BES finalmente verão o retorno das suas poupanças.
Este caso continua a ser um marco na luta por justiça financeira em Portugal, e o desfecho deste processo será decisivo para todos os envolvidos.