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Ex-Diretora da PGR acusada de envolvimento em tentativa de praopriação de USD 360 milhões

Luanda – Recentemente, surgiram sérias acusações contra Eduarda Passos de Carvalho Rodrigues Neto, ex-diretora do Serviço Nacional de Recuperação de Ativos (SENRA), órgão vinculado à Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola. As denúncias envolvem alegações de que Eduarda teria tentado obter uma parte significativa de fundos bloqueados na Suíça, pertencentes ao empresário Carlos Manuel São Vicente.

Segundo revelações do advogado João Pereira do Amaral Gourgel, feitas no programa “Conversas Essenciais” da rádio Essencial, Eduarda Rodrigues Neto teria visitado pessoalmente São Vicente enquanto ele estava detido, oferecendo-lhe uma proposta polêmica: se ele concordasse em ceder 40% de seus fundos congelados na Suíça, estimados em USD 900 milhões, parte seria devolvida ao Estado angolano, enquanto outra parte poderia permanecer com ele. Em troca, São Vicente receberia sua liberdade.

Esses fundos foram inicialmente bloqueados sob suspeitas de lavagem de dinheiro, mas a Suíça ainda não os devolveu a Angola devido à falta de comprovação sobre a origem dos valores. As alegações sugerem que Eduarda estaria buscando assegurar USD 360 milhões para o Estado, dos quais 36 milhões seriam repartidos entre procuradores, com base em uma lei aprovada pelo presidente João Lourenço, que destinava 10% dos bens apreendidos ao sistema judiciário.

As acusações tornam-se ainda mais graves com relatos de que Eduarda teria pressionado São Vicente a assinar um documento sob ameaça de sua saúde deteriorada. Ele, que sofre de diabetes e hipertensão, foi informado de que sua vida estaria em risco caso não colaborasse. Apesar da pressão, o empresário se recusou a assinar os documentos, permanecendo preso mesmo após ter cumprido metade de sua sentença, o que em condições normais poderia lhe garantir liberdade condicional.

Além do caso de São Vicente, Eduarda Rodrigues está envolvida em outras acusações de irregularidades. Uma delas inclui o confisco de 39 hotéis pertencentes a três redes hoteleiras, que deveriam ser privatizados pelo Estado angolano. Há alegações de que esses imóveis estão sendo geridos por empresas com vínculos pessoais de Eduarda.

Ela também é acusada de enganar o ex-diretor do Gabinete de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA), Manuel Antônio Rabelais. Segundo fontes, Rabelais teria sido induzido a devolver parte de seu patrimônio em troca de um acordo de delação, mas acabou condenado sem os benefícios prometidos.

Eduarda Rodrigues atraiu ainda mais atenção quando, sem autorização das autoridades, se deslocou a Lisboa para reuniões com intermediários da Africa Growth Corporation (AGC). A AGC, uma empresa norte-americana, está envolvida em um litígio com o governo angolano sobre a expropriação de propriedades imobiliárias, estimando perdas de USD 55 milhões. Essa viagem gerou desconforto diplomático e levou Eduarda a ser convocada para esclarecimentos nos EUA.

Outro ponto controverso envolve o estilo de vida luxuoso de Eduarda. Ela teria colocado os filhos em um internato suíço de elite, cujas taxas anuais são de EUR 145 mil, levantando questões sobre a origem dos fundos que sustentam esse nível de vida. Eduarda é casada com Gilberto Neto, braço direito do presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Manuel Pereira da Silva, e seu nome tem sido associado a uma série de atividades suspeitas que vão além de suas responsabilidades na PGR.

As denúncias contra Eduarda Rodrigues levantam preocupações sobre o sistema judiciário angolano e a luta contra a corrupção no país. Embora as investigações ainda estejam em andamento, o impacto dessas acusações já começa a refletir-se no debate público, ressaltando a necessidade de transparência e justiça no combate à corrupção em Angola.