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Discurso do Chefe de Estado na “Cimeira do Futuro” na ONU

O Chefe de Estado, João Lourenço discursou, esta segunda-feira, na “Cimeira do Futuro”, que decorre em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América.

Sua Excelência Philémon Yang, Presidente da 79ª Sessão da Assembleia Geral das
Nações Unidas;

Excelências,

Tenho a honra de tomar a palavra nesta importante Cimeira, que considero crucial
para examinarmos em conjunto as melhores estratégias que nos ajudem a revigorar
e renovar o sistema multilateral, para estarmos melhor preparados para enfrentar os
novos desafios mundiais e riscos emergentes.

Saúdo Sua Excelência António Guterres, expressando-lhe as minhas mais calorosas
felicitações por ter lançado o repto da realização da Cimeira do Futuro.

Aproveito a ocasião para destacar, com satisfação, o trabalho exemplar desenvolvido
pela República da Namíbia e pela República Federal da Alemanha, que na condição
de co-facilitadores do processo negocial para a adopção do “Pacto para o Futuro”.

Esperamos que com a realização desta Cimeira possamos, em conjunto, encontrar
mais facilmente as “Soluções Multilaterais para um Amanhã Melhor”.

A adopção do “Pacto para o Futuro” representa, sem sombra de dúvida, um verdadeiro
ponto de viragem para uma abordagem mais dinâmica, mais comprometida, mais
engajada e assertiva de questões importantes para a Humanidade.

É nossa convicção que o compromisso político que assumimos aqui contribuirá
decisivamente para que o mundo consiga reunir os recursos necessários ao
financiamento para o desenvolvimento sustentável e aos esforços de construção de
uma nova arquitectura de paz, tendo sempre no centro da nossa abordagem a defesa
dos direitos humanos, da igualdade do género e do “imperativo de não se deixar
ninguém para trás”.Na implementação deste roteiro global não podemos deixar de fora a juventude e as mulheres, que são motores vitais de transformação e modernização da Humanidade.

Como todos nós podemos verificar, o Pacto para o Futuro oferece uma oportunidade
para uma participação mais activa, significativa e actuante dos jovens e das mulheres
na tomada de decisões a todos os níveis.

Na nossa investida em torno da construção de um futuro sustentável para todos
devemos também colocar como ponto importante o incremento da luta a favor da
erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza
extrema, que é o maior desafio global do nosso tempo e um requisito indispensável
para alcançar o desenvolvimento sustentável, a segurança alimentar, o acesso à
energia, a conectividade digital, a educação, o emprego e a protecção social.

Não podemos realizar as nossas ambições comuns para o futuro e enfrentarmos este
grande desafio sem colocarmos as pessoas mais pobres e vulneráveis no centro das
nossas acções e garantirmos, desta forma, que nenhum ser humano ou país fiquem
para trás.

Excelências,

No domínio da paz e segurança é necessário que evoluamos para uma arquitectura
de paz em que o princípio da segurança partilhada seja defendido e protegido por
todos, de modo que nenhum cidadão, Estado, região ou zona geográfica, se sinta
protegida à custa da insegurança de outros.

A República de Angola defende que não é possível construir-se um mundo
equilibrado, seguro e sustentável, em que a dignidade e o acesso às oportunidades
sejam um benefício exclusivo de um pequeno grupo de privilegiados, em detrimento
da maioria da população mundial.

Defendemos igualmente a necessidade de se alcançarem consensos sobre a reforma
da arquitectura financeira mundial e da arquitectura da dívida soberana mundial,
sendo isso crucial para que tenhamos um sistema financeiro internacional mais justo
e capaz de servir também os interesses dos países em desenvolvimento.

Angola tem feito, nos últimos tempos, uma aposta decisiva e responsável na questão
da transição da economia, para a digitalização de todos os processos que a envolvem.

Estamos convencidos de que, ao darmos este passo, colocaremos as nossas
populações e instituições mais próximas e vinculadas aos mecanismos maismodernos de interconexão global da economia e do comércio, reduzindo assim as
barreiras geográficas que a economia tradicional impõe.

Gostaria de terminar manifestando a esperança de que a Cimeira do Futuro contribua
para que haja uma maior coordenação na governação económica global, tendo em
vista a redução das desigualdades entre os Estados e a promoção de um
desenvolvimento sustentável e sustentado, que resolva os problemas da pobreza, da
fome, da desnutrição, da insegurança e de outros males que afectam a sobrevivência
das populações mais vulneráveis em todo o mundo.