Chamam-nos de “confusionistas”, diz um antigo combatente
Na província angolana da Huíla na região Sul do País, perante um contexto económico e social de dificuldades, antigos militares tentam reerguer-se através de alguns programas de reintegração social implementados pelas autoridades.
Fonte: VOA
Mas há ainda queixas quanto à falta de apoio e também sobre os insultos que recebem quando tentam reivindicar os seus direitos.
João de Deus Dala lidera a cooperativa agrícola 15 de Janeiro, que reúne 29 associados no município da Matala. Depois de receber sementes de milho e massango em plena época agrícola, lembra que é preciso ir além da agricultura de sequeiro, que depende totalmente das chuvas.
“Precisamos agora de um terreno regadio que facilite que, em todas as épocas, possamos trabalhar a terra e pouco a pouco vamos andando”, afirmou.
Elias Sangombo é deficiente de guerra e acaba de receber das autoridades uma motorizada de três rodas que vai empregar no serviço de transporte de mercadorias. “Esta moto vai mudar a vida da família e a minha em particular”, disse.
Silvestre Martins, também antigo combatente, recorda com tristeza a forma como são conotados quando tentam reivindicar melhores condições de vida. Dizem “que o antigo combatente é confusionista. Mas como e porquê? Isso é triste no nosso país”, afirmou.
Francisco Araújo, outro antigo militar, revela que a luta agora é pela sobrevivência. “Eu, deficiente de guerra, com uma perna amputada, estou a usar prótese para levar sacos de cimento. Quando aqueles que têm duas pernas não conseguem eu digo que não estou a sobreviver estou a ajudar os outros a viver.”, conta.
O governo, que reconhece a contribuição destes homens e mulheres na libertação do país, diz ter políticas públicas traçadas para acudir às dificuldades vivenciadas por este grupo vulnerável, mas que encontram entraves na sua implementação devido à actual conjuntura económica.
A directora do gabinete provincial dos antigos combatentes e veteranos da pátria, Verónica Rito, acredita, ainda assim, em dias melhores.
“Devemos ganhar a cultura de valorizar os apoios que nos chegam às mãos, mesmo que poucos, fazendo-os render ou crescer para que amanhã seja também a vez do outro e assim construir um país onde cada angolano se sinta bem”, concluiu a responsável.