No primeiro dia da paralisação dos trabalhos na função pública, foi registada adesão à greve, sobretudo, no sector da Educação e da Justiça. Em declarações ao jornal OPAÍS, o porta-voz das centrais sindicais (UNTA – CS, CG- SILA e FS- CS), Teixeira Cândido, notou que a greve foi aderida de forma massiva. Citou, por exemplo, a paralisação dos trabalhos no sector da Educação, da Justiça (Mistério Público) e Identificação.
No entanto, apesar de as Centrais Sindicais saudarem todos os trabalhadores, de Cabinda ao Cunene, por terem aderido à Greve Geral, porém, condenam a atitude a que denominam abusiva, de agentes da Polícia Nacional que retiveram alguns trabalhadores nas províncias do Bengo e do Huambo, violando o Direito à Greve, Constitucionalmente consagrado.
Por essa razão, as Centrais Sindicais reservam-se ao direito de intentar acções judiciais contra os agentes da Polícia Nacional e os gestores das unidades hospitalares por violação da Lei da Greve (arts.25° e 26), e apelam à libertação incondicional dos sindicalistas Abrão Messamessa Faustino (funcionário da Educação), Narciso Chipalavela e Laurindo Chipesse Mário (ambos funcionários da ENDE), sob pena de desencadearem manifestações públicas a nível nacional.
Num comunicado assinado pelas três centrais sindicais tornado público ontem, denunciam e exigem o fim da coação sobre os delegados provinciais da Justiça exercida pelo Ministério da Justiça e Direitos Humanos, através de orientações superiores distribuídas por mensagens de whatsapp. “As Centrais Sindicais informam que a adesão à Greve, no seu primeiro dia, situou-se na ordem de 95%, a nível nacional, e apelam a todos os trabalhadores para que se mantenham firmes nesta luta pela sobrevivência, pois não se trata de uma mera Greve, mas de uma luta pelo resgate da dignidade social dos trabalhadores”, lê-se.
Diálogo em ‘stand by’
O Executivo, através do Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), que anunciou estar aberto ao diálogo, não voltou a chamar as centrais sindicais para procurarem chegar a acordo e evitar a paralisação de três dias. Há uma semana, mais concreta- mente na passada Quarta-feira, 13, o Governo e as centrais sindicais não chegaram a acordo sobre o caderno reivindicativo dos trabalhadores, o que manteve a greve geral interpolada, iniciada ontem, dia 20.
Em declarações à imprensa, no final das conversações, o porta- voz das centrais sindicais, Teixeira Cândido, confirmou a falta de consenso entre as partes. “Infelizmente não chegámos a nenhum acordo na medida em que hoje [ontem] tivemos acesso às propostas que foram apresentadas, ou seja, o Governo reiterou as suas propostas já apresentadas às centrais sindicais no último encontro”, disse Teixeira Cândido.
Na ocasião, o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos recordou que, em relação ao salário mínimo nacional, as centrais sindicais estavam a exigir 245.000 kwanzas e que no âmbito das negociações anteriores a pro- posta foi “flexibilizada” para 100 mil kwanzas.
C/O País