A organização não-governamental OMUNGA está solidária com a greve geral de três dias em Angola devido à situação “difícil” que os funcionários públicos enfrentam tendo em conta o aumento de custo de vida no país.
Fonte: DW
Em Angola, os funcionários públicos iniciaram esta quarta-feira (20.03) uma greve geral de três dias para exigir do Governo, entre outros pontos, o aumento do salário mínimo e a redução do Imposto sobre o Rendimento de Trabalho (IRT).
Em entrevista à DW África, o coordenador da organização não-governamental (ONG) OMUNGA, João Malavindele, afirma que o Executivo angolano deve encontrar respostas urgentes através do diálogo e de acordos concretos com as centrais sindicais, para evitar que a greve se alastre por muito tempo.
João Malavindele, coordenador da organização não-governamental angolana OMUNGAJoão Malavindele, coordenador da organização não-governamental angolana OMUNGA.
DW África: As centrais sindicais angolanas convocaram greve geral que se inicia esta quarta-feira. Enquanto líder de uma organização da sociedade civil, como é que está a acompanhar esta situação?
João Malavindele (JM): Acompanho com bastante atenção, mas em todo o caso importa dizer que conhecendo um pouco da realidade do nosso país, o custo de vida está elevado e toda essa situação social que estamos a viver, resolvendo, por exemplo, o problema da classe trabalhadora, estaríamos também a resolver grandes problemas que hoje infernam a nossa sociedade. Porque são os trabalhadores que têm dificuldades de alimentar as suas famílias, de ter acesso aos outros serviços públicos que são de necessidades básicas. Então, como organização da sociedade civil não temos como não nos solidarizarmos com os trabalhadores e apoiar de forma incondicional as suas lutas.
DW África: Como é que analisa as exigências das centrais sindicais? Acha que esta pressão poderia ter uma resposta política?
JM: As revindicações das classes trabalhadoras são todas legítimas e fazem todo o sentido. É importante o executivo tentar politicamente analisar as reivindicações e tentar resolver aquilo que safistaz quer o Estado angolano e também a classe trabalhadora. Por exemplo, a questão do salário hoje é importante, os trabalhadores não podem continuar a viver com o salário que se oferece hoje, tomando em conta o nível do custo de vida em Angola. São questões que parecem mínimas, mas têm grandes impactos na própria sustentabilidade ou no modo de vida dos trabalhadores.
DW África: As centrais sindicais também estão a exigir o aumento do salário mínimo, devido ao aumento de custo de vida em Angola. Até que ponto esta situação está difícil para os trabalhadores angolanos?
JM: Basta viver em Angola para ver como a inflação está a subir. Com o salário mínimo estabelecido hoje nem chega para o consumo do mês. Então, acho que a questão do aumento salarial deve ser atendida, faz todo o sentido se olharmos para aquilo que se ganha hoje e para aquilo que se consome e também o que se pede nesse momento, eu acho que é atingível da parte do Estado. O país tem recursos, tem condições para cumprir com essa exigência agora.
DW África: Como é que o MPLA pode contornar esta situação?
JM: O que tem de se fazer aqui é apostar fortemente no diálogo e fazer acordos que a curto prazo o executivo vai poder cumprir as exigências da classe trabalhadora, mas para isso tem de haver um diálogo e neste diálogo, seria bom que até o próprio Presidente da República viesse ao público para poder, por um lado, assumir toda essa situação e, por outro lado, poder acalmar os ânimos.