Fonte: Club-k.net

Ao total, Gelson Quintas foi indiciado por três crimes (roubo qualificado, abuso de confiança e associação criminosa). Na manhã desta quinta-feira, Gelson Quintas foi ouvido por uma magistrada junto ao Serviço de Investigação Criminal (SIC) que o interrogou sobre um crime ocorrido em 2020, que as autoridades de investigação acabaram por reativar, enquanto aguarda pela conclusão dos alegados crimes de ultraje.

“Man Gena” apresentava-se como tendo uma empresa de cobranças de nome “Departamento de Cobranças e Dívidas – DCD”. No ano de 2020, ele foi contratado – através da sua empresa – para mediar um litígio de terreno e, durante o processo, desalojou os ocupantes do local, para entregar o terreno às pessoas que o teriam agenciado. No entanto, após ele e o seu grupo terem abandonado o local (terreno em disputa), o proprietário do espaço identificado por “Paulo”, alegou ter notado o desaparecimento de material de construção (enxadas, pás, etc.), e fez uma participação criminal contra o grupo de “Man Gena”, que com ele próprio era constituído por três elementos. O dono do terreno abriu um processo contra Gerson Quintas, invocando roubo do material da sua obra.

“Man Gena” contou no seu depoimento desta quinta-feira, 28, um dos indivíduos que o acompanhava é alegadamente c sobrinho de Fernando Receado, o diretor-geral adjunto do Serviço de Investigação Criminal (SIC), que na altura era seu amigo pessoal. O interrogatório foi acompanhado com interrupções da magistrada que cortava quando “Man Gena” explicava as ligações que tinha com o número dois do SIC.

Além disso, “Man Gena” também está a ser acusado de abuso de confiança, pois teria recebido dinheiro na sua conta bancária para um propósito específico, mas teria utilizado os fundos de forma inadequada.

O terceiro crime pelo qual “Man Gena” está a ser implicado é associação criminosa, devido à sua participação no grupo que foi receber/desocupar o terreno em questão. “Man Gena”, explicou à magistrada também que foi fazer o trabalho de desocupação do terreno, porque a parte que o contratou fez-lhe uma procuração que lhe dava poderes para agir e atuar em seu nome, e que assim sendo não formou nenhuma “associação criminosa”.

Antes de deixar Angola, em dezembro de 2022, “Man Gena” foi ouvido pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) a volta deste processo e foi-lhe aplicada a medida de se apresentar regularmente. No entanto, o SIC alega que foi buscá-lo em Moçambique por alegadamente violar esta medida. Diante da magistrada, “Man Gena” justificou que deixou de se apresentar no SIC naquele ano porque, ao notar que estava a sofrer perseguição e uma invasão da sua casa, sentiu que a sua vida estava em perigo e por esta razão decidiu abandonar o país com a sua família. Como resultado desta quebra de medida, o Ministério Público decretou a prisão preventiva de “Man Gena”, o que o fará ficar nas celas do SIC.

Apesar de estar a ser acusado de roubo de material de construção e de associação criminosa, “Man Gena” é o único que está a ser ouvido e com anúncio de prisão preventiva. Os outros dois elementos que foram com ele desocupar o terreno não estão a ser incomodados pela polícia de investigação.

Fontes ouvidas pelo Club-K disseram que, tendo em conta que ainda não há processo formal contra ele sobre os alegados crimes de calúnia e difamação contra o Presidente da República, as autoridades optaram por reativar o processo contra “Man Gena” de 2020, para permitir que ele seja preso. De acordo com explicações da fonte, o crime de calúnia e difamação não dá direito a prisão preventiva, a menos que fosse apanhado em flagrante delito.

De lembrar que Man Gena foi deportado no passado domingo de Moçambique para Angola por alegada entrada e permanência irregular. A deportação foi feita em um avião da presidência angolana, contrariando as garantias anteriores de Moçambique de não extraditar Man Gena. Em Angola, o mesmo foi separado da esposa e dos filhos logo no primeiro dia.