Dezasseis dos 19 candidatos presidenciais senegaleses acusaram o Presidente, Macky Sall, de sabotar as eleições e de não as organizar, apesar de o Conselho Constitucional senegalês ter declarado ilegal o adiamento do escrutínio, na semana passada.
“Constatamos que as operações eleitorais estão a ter dificuldades em retomar o seu curso normal, apesar da decisão do Conselho Constitucional que exige a sua continuação”, afirmaram os candidatos presidenciais numa declaração conjunta na terça-feira.
“É evidente que esta situação revela uma recusa do Presidente em assumir a sua missão soberana de organizar eleições livres e transparentes”, acrescentaram.
Os signatários sublinharam que, apesar de o Conselho Constitucional ter declarado na quinta-feira a ilegalidade do adiamento das eleições anunciado por Sall, inicialmente previstas para o próximo domingo, “notou-se uma lentidão inexplicável” e que “nada foi feito” para fixar uma nova data.
Entre os candidatos que assinaram a carta constam o antigo presidente da câmara de Dacar, Khalifa Sal, e o candidato Bassirou Diomaye Faye, atualmente detido, número dois do Patriotas Africanos do Senegal para o Trabalho, a Ética e a Fraternidade (PASTEF), partido dissolvido em julho de 2023, e Ousmane Sonko, o mais proeminente líder da oposição senegalesa, que também está preso e sem possibilidades legais de concorrer às próximas presidenciais.
O primeiro-ministro, Amadou Ba, candidato da coligação no poder Benno Bokk Yakaar (BBY), não se encontra entre os cossignatários.
“O caso do Senegal está na boca de toda a gente e mancha a imagem do nosso país, outrora considerado uma montra da democracia em África”, lamentaram os candidatos presidenciais.
O adiamento das eleições mergulhou o país numa grave crise política que compromete a reputação do Senegal como a democracia mais estável da África Ocidental.