O líder e fundador do extinto Partido Nacionalista para Justiça em Angola (P-NJANGO) reiterou, sábado, em Luanda, que vai levar a tribunal antigos membros da formação política, supostos autores da acusação de desvio de património e de dinheiro da campanha eleitoral de 2022.
Dinho Chingunji, que falava no âmbito de uma actualização à queixa-crime desencadeada contra o então vice-presidente do P-NJANGO, António Barros, denunciou haver uma perseguição contra si, com o objectivo de manchar o bom-nome e o da sua família.
“Estamos a ter evidências de que se está a formar aliança com jovens que vinham a fingir que estavam interessados no projecto político que criei em 2011”, adiantou-se a esclarecer o político, sublinhando que, durante as eleições de Agosto de 2022, nunca teve sob controlo a gestão dos fundos disponibilizados para a campanha eleitoral.
“Fiz apenas a estratégia eleitoral, para que houvesse o impacto político que era merecido para sermos considerados uma força do futuro e o gestor foi alguém do partido e, oficialmente, reconhecido pela CNE, que, nas questões de dinheiro físico, era quem liderava o partido em todo o país e ninguém pode vir dizer que algum dia sentou comigo para tratar de questões financeiras”, destacou, referindo-se a António Barros.
O mentor do projecto P-NJANGO frisou, ainda, não ter no histórico de carreira política qualquer antecedente de desvio de fundos, assegurando que, mesmo no tempo em que exerceu o cargo de ministro da Hotelaria e Turismo, no Governo de Unidade e Reconstrução Nacional (GURN), não tocou em nada que não fosse seu e muito menos levou para benefício próprio.
“Posso pegar na Bíblia, porque fiz papel de gestor público sem experiência, enquanto ministro, e não toquei em nada que não é meu. Mesmo sendo, na altura, o mais jovem ministro no Governo, não toquei em nada. Encontrei algo desorganizado e cheio de problemas, mas deixei em 2008 tudo organizado, sem dívidas e nem confusões”, confessou.
Para quem nunca tinha trabalhado como ministro, prosseguiu Dinho Chingunji, o consulado foi um mérito, pelo que, questionou, porque razão teria de se “desviar deste princípio”, por causa de um bilião de kwanzas.
“Como presidente do partido, nem sequer um fundo de maneio tinha para sentar com pessoas e comprar água. Tenho as provas reunidas comigo, devido ao processo-crime que levantei sobre as injúrias feitas contra mim, no ano passado. Não posso entregar a ninguém, mas todos os interessados são bem-vindos, caso queiram ver”, acrescentou Dinho Chingunji.
Nos extractos bancários que dispõe das contas do extinto P-NJANGO, segundo ainda o líder e fundador do partido, não existe “uma vírgula” que faz referência de transferências para a sua conta, mas revelou ter dados em posse que confirmam a movimentação de “milhões e milhões de kwanzas”, transferidos para as contas bancárias do gestor da campanha.
“Como se não bastasse a quantia de 60 milhões do fundo de maneio, cada um do mesmo grupo ainda recebeu, no mínimo, três milhões e 500 kwanzas, como imposição de terem participado na criação do P-NJANGO. No fim da campanha, nos documentos que temos aqui assinados, pedi que cada um viesse com a demanda de pagamento, para que fosse reconhecido no notário e depois o entregar”, referiu, argumentando que o grupo confundiu a iniciativa como reconhecimento, “mas era para que no futuro eles não dissessem que não foram os responsáveis pelas movimentações nas contas e eu poder provar em Tribunal.
“Tive de me endividar para limpar a imagem”
Dinho Chingunji confessou ter sido obrigado a contrair algumas dívidas para pagar as empresas que prestaram serviços ao P-NJANGO durante a campanha eleitoral, visando as eleições do ano passado.
O político revelou que o partido ficou por pagar empresas que disponibilizaram material publicitário e outros, tendo sublinhado que está provada a execução dos serviços que o extinto P-NJANGO ficou de pagar, bem como identificadas as organizações prestadoras dos trabalhos.
“Andam a dizer mentiras sobre sobrefacturação e engenharias ridículas e, inclusive, chegaram a acusar-me de ter roubado 1.2 biliões, quando, na verdade, a verba para a própria campanha eleitoral foi de um bilião de kwanzas. Como foi possível fazer isso?”, questionou-se.
Dada a situação de pressão a que esteve confrontado, contou que teve de entrar em “guerra atrás de soluções”, para liquidar as dívidas contraídas pelo então partido político que criou em 2011, de forma a anular uma alegada promessa de “destruição da imagem de Dinho Chingunji”.
“Houve confusão no partido, a nível nacional, e quem se endividou para acalmar o país todo fui eu, para a salvação do meu nome e da família Chingunji”, esclareceu, para em seguida acrescentar que o grupo, liderado pelo gestor da campanha, ainda ligou para o aconselhar a pagar milhões de modo a salvar a imagem.
“Disseram-me: ‘Dinho, seguras tu, porque és tu que vais ser destruído. Se não pagares estes milhões a cada um de nós, vais ser destruído, porque somos anónimos e até muito pobres”, contou Dinho Chingunji.