O jornalista Willim Tonet manifestou forte indignação com o investimento que o Estado angolano estaria a realizar para garantir a visita da seleção da Argentina ao país, classificando a decisão como “um crime contra a humanidade”, tendo em conta a realidade social e económica de Angola.
Durante a sua intervenção, o comunicador criticou o contraste entre os milhões de dólares destinados ao evento e as carências básicas que persistem em várias regiões do país, especialmente no setor da educação.
“Treze mil árvores como salas de aula. Isto é uma vergonha”, afirmou, referindo-se às condições precárias em que muitas crianças angolanas ainda estudam.
Wiliantine considerou que o apoio financeiro do governo à Associação de Futebol da Argentina (AFA), num montante que, segundo ele, ultrapassaria 20 milhões de dólares, revela insensibilidade social e política. Parte significativa desse valor, disse, seria destinada a cobrir o seguro do jogador Lionel Messi, avaliado em cerca de 15 milhões de dólares.
O jornalista sustentou que o país sul-americano enfrenta dificuldades financeiras e que Angola, ao financiar o evento, estaria a “salvar a federação argentina” num momento de crise.
“Estamos a apoiar uma federação estrangeira, enquanto os nossos próprios problemas continuam sem solução”, criticou.
Apesar das duras palavras, Wiliantine sublinhou que não tem nada contra a Argentina nem contra o seu povo, reconhecendo até que, durante a sua permanência no país, nunca foi alvo de discriminação racial. Contudo, fez questão de realçar o que considera um problema estrutural interno.
“Temos negros no poder, mas insensíveis ao sofrimento da maioria preta. O negro, quando se deslumbra com o brilho alheio, esquece a dor dos seus”, declarou.
As declarações do jornalista rapidamente geraram debate nas redes sociais, dividindo opiniões entre os que concordam com a crítica ao gasto público e os que veem na vinda da seleção argentina uma oportunidade de promoção internacional para Angola.
Independentemente das leituras, a intervenção de Wiliantine reacende a discussão sobre as prioridades do investimento público, num contexto em que persistem carências graves em setores essenciais como educação, saúde e infraestrutura social.

