Luanda – O recente anúncio do Governo angolano de um aumento de 20,7% nas propinas do ensino privado está a gerar forte contestação por parte da comunidade estudantil. O Movimento de Estudantes Angolanos (MEA) já iniciou uma campanha de protesto nas redes sociais e não descarta a realização de manifestações de rua para pressionar o recuo da medida.
A campanha, que ganhou força principalmente no Facebook, conta com publicações de estudantes segurando cartazes com mensagens como “Lute como um estudante”, “Educação não é um negócio, é um direito” e “Diga não à subida do preço das propinas”. O movimento afirma que a medida é insustentável para a maioria das famílias, especialmente num contexto de dificuldades económicas agravadas pela inflação.
“O Estado não quer respeitar a nossa situação social e económica. Estamos a mobilizar os estudantes para mostrar que estamos unidos nesta causa”, declarou Francisco Teixeira, presidente do MEA. Segundo ele, a campanha visa despertar a consciência cívica da juventude angolana e exigir que o ensino superior seja tratado como um direito fundamental, e não como mercadoria.
O aumento das propinas foi justificado pelo Executivo com base na inflação e no custo crescente de manutenção das instituições de ensino. Contudo, estudantes e líderes da oposição criticam o que consideram uma decisão insensível. Serafim Simeão, secretário provincial do PRA-JA Servir Angola, expressou apoio ao movimento estudantil e questionou as prioridades do Governo: “Com os salários que temos, este aumento é inaceitável. A má distribuição da renda nacional torna essa medida uma afronta”.
O MEA iniciou contactos institucionais e afirma já ter entregue cartas de protesto ao Ministério do Ensino Superior, Ministério das Finanças, Ministério da Educação, à Presidência da República, à Procuradoria-Geral da República e ao Provedor de Justiça. “Estamos a seguir primeiro pela via do diálogo. Mas, se não houver resposta, vamos avançar com protestos de rua”, afirmou Francisco Teixeira.
Nos próximos dias, o movimento pretende intensificar a sensibilização junto da comunidade estudantil, através de ações porta-a-porta e debates nas universidades. Caso não haja recuo da parte do Governo, manifestações públicas estão a ser consideradas como o próximo passo.
A mobilização estudantil reacende o debate sobre o acesso equitativo ao ensino superior em Angola e coloca pressão sobre as autoridades num momento de crescente insatisfação social.